quarta-feira, 31 de julho de 2013

MORRENDO... DE RIR


Crianças brincam num velório
A natureza segue e em algum canto
Falam de céu e inferno
No meu celular jogo paciência
Não há mais metafísica
Do que esses risos infantis

Se eu fosse sofrer o que queriam que eu devesse
Se eu fosse me anular a um grau de santidade
Não haveria beleza nem doçura
Nem essa algaravia de infantes
Derrubando o paraíso no chão.

Como deuses excludentes
Impossíveis de coexistir no universo real
A morte chega
E o defunto sai
Não se misturam, não se combinam
E, no entanto, sofremos
Porque os cremos complementares.

Mas, não
A vida não pode ser, e não é,
Esse pousar eterno de corvos nos ombros
A vida é mais do que um mergulho cego
No poço da desilusão.

Vida, meu irmão,
É ir sendo

Doce de leite ebuliente em tacho queimoso
Da paixão
Até que fogo apague.

Poesia: Jorge Marin
Foto: Kit Tynn/Amanda Keeys Photography, disponível em http://www.deviantart.com/art/Flower-Collector-11990154

3 comentários:

  1. Linda poesia, amigo Jorge. Lembrei-me de muito escritor que gosto: Fernando Pessoa, Drummond, Guimarães Rosa... "vida,(...) é ir sendo."

    Parabéns querido amigo Jorge.

    Com afetuoso abraço,

    César Brandão
    www.cesarbrandao.com

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  2. Brigadu, amigo Brandão

    Curioso é que isso aí surgiu de uma lembrança do meu velho pai: o sô Irenio fazia doce de leite para o meu tio Temístocles vender na rua. Aí, mexia diariamente o tacho até tirar o "ponto" do doce que, se aprovado, era servido pra mim numa colher. Não precisa nem dizer que aquela "puxa" era a coisa mais gostosa do mundo. A cena se repetiu por muito e muito tempo, até não mais...

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BRIGADU, GENTE!

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