segunda-feira, 21 de novembro de 2011

RELEITURAS - AS MANGAS ROLAM EM SÃO JOÃO 1

Foto de Sílvio Heleno Picorone (A pítombeira)

São João Nepomuceno, 20 de novembro de 1971. Domingão!
Hoje, depois da missa, ficamos sabendo de uma notícia terrível: um desabamento, no Rio de Janeiro, do elevado sobre a Avenida Paulo de Frontim, matou 22 pessoas e feriu mais de 100! . O governador Negrão de Lima decretou luto oficial.

Criar um conjunto de rock não é tarefa assim tão fácil. A começar pelo nome: uns queriam Derruba Clube, mas, para a época, o nome parecia subversivo demais. Até que se criou um consenso de que o nome ideal seria Pitomba na Oreia. Como não se sabia, no dia em que o nome foi escolhido, a pitomba é a fruta da pitombeira, mas o significado que se queria era mesmo o de um “tapa na orelha”. Alguém foi buscar um dicionário (geralmente um chato), descobriu que os dois significados estavam corretos, mas sugeriu:
-Por que não colocamos Talisia Esculenta? Levou imediatamente diversas pitombas.
Os primeiros ensaios foram realizados no barracão do Sr. Anginho Picorone, que resolveu transformar este “cavern club” do Pytomba em um depósito de mangas. Esta situação inusitada, de dividir os ensaios com aqueles frutos em fase de amadurecimento, em nada perturbava os ensaios da garotada. Afinal, o conjunto também ainda estava verde.
É importante ressaltar aqui que o citado barracão ainda existe, está aberto á visitação pública de segunda a domingo e, a exemplo da ex-casa de Elvis Presley, chamada de Graceland, este importante local também deverá ser tombado como patrimônio cultural da municipalidade, sob o nome de Mangoland, ou Pytombaland.
Num dos ensaios, um grande temporal assolou a cidade, destelhando quase completamente o galpão. A luz acabou, e ali, no escuro, molhados junto com as mangas empapadas de barro, só uma certeza manteve o grupo unido. Não, não era aquela fé de que um dia seremos famosos, mas sim: “Salvem a pareiage!” (que, como era de se esperar, era toda emprestada).
Foi uma grande decepção, não pela aparelhagem – afinal eram apenas bens materiais – mas sim com a interrupção de um ensaio tão fantástico, apesar do temporal, apesar da falta de luz, apesar do teto sem telhas e apesar de estarem todos atolados no barro até as canelas. Num mar de mangas!

Ah, e naquela tarde de domingo, o Atlético Mineiro derrotou o Vasco por 2x1 (gols de Ronaldo, Humberto Ramos e Ferreti), o Botafogo empatou com o Grêmio por 1x1 (gols de Zequinha e Joãozinho) e América e Cruzeiro ficaram no 0x0 no Rio.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

Um comentário:

  1. Parabéns!
    30.000? Que loucura!
    Fica provado que não só os do Grupo Pitomba são loucos, mas muita gente por aí. Malucos beleza.
    Abraços
    Mika

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