Foto de Marcus Martins, publicada em www.galeriamm.com.br
Para relembrar os 40 ANOS DO GRUPO PYTOMBA, vamos reler os primeiros posts do Blog, que são também os primeiros relatos, os primeiros fatos, até mesmo os primeiros mitos. Como era o nosso mundão? - como diz o Serjão. Nestas releituras, que vão até o momento zero do Pytomba, no próximo dia 22, curiosamente e inexplicavelmente também o Dia do Músico, algumas observações poderão ser acrescentadas, novos detalhes e, quem se lembrar, pode comentar. A casa é de todos...
Há quarenta anos, exatamente no dia de hoje, era uma terça-feira em São João Nepomuceno. O feriado caíra na segunda e aproveitamos para emendar. Emendar feriado, naquele tempo, era ir, no máximo para a Cachoeira da Fumaça. Viagem para o Rio era uma aventura; para Cabo Frio então, demorava mais do que ir hoje para Nova Iorque.
Era uma vez, numa pacata cidade do interior de Minas Gerais.
16 de novembro de 1971 – Os jornais, na Banca dos Manzo, trazia as notícias do dia: 23 pessoas haviam feito 13 pontos na Loteria Esportiva e dividiriam o gordo prêmio de 11 milhões e 120 mil cruzeiros. Nada mal.
O dono da banca, botafoguense doente, discutia com o sr. Carlos Rocha sobre o assunto do dia: a possível punição ao zagueiro Brito, do Botafogo, que, no jogo com o Vasco, agredira o juiz José Aldo Pereira.
Curiosos passavam ali pela Praça Carlos Alves e acompanhavam a discussão. Só dava futebol: os times da Guanabara (lembram desse nome?) haviam se classificado para as semifinais do Campeonato Nacional e aguardavam a formação dos grupos.
Os habitantes de São João Nepomuceno, nos anos 70, não ficavam apenas em casa assistindo O Cafona (da líder de audiência TV Tupi) ou O Homem que Deve Morrer (da jovem TV Globo).
Essa novela, de Janete Clair, começava, pontualmente, às oito e cinco da noite, e tinha Tarcísio Meira, o médico Ciro Valdez, também mestre das religiões orientais que, para cumprir a missão de sua vida passada, voltava para Porto Azul, no interior de Santa Catarina, e reencontrava sua amada Esther (Glória Menezes), agora casada com o “do mau” Otto von Muller (Jardel Filho). A verdade é que, no dia em que o dr. Ciro fez um transplante de coração no malvado Otto, a cidade parou, pois transplante de coração era uma novidade na época (Christian Barnard havia feito a operação pioneira em 1968) e a esperta Janete Clair já lascou o assunto, na época restrito à revista Realidade, no horário nobre.
Mas, tirando esse dia, e o dia em que os dois protagonistas se beijaram pela primeira vez, as pessoas preferiam mesmo era passear na Rua do Sarmento.
Aquela terça-feira, com uma tremenda cara de segunda, terminou com as pessoas indo para casa mais cedo. Naquele tempo, era primavera nesta época do ano, fazia calor e ainda dávamos uma passadinha na TV Tupi para assistir o programa do Flávio Cavalcanti.
(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
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