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São João Nepomuceno, 20 de novembro de 1971, sábado.
Hoje, nas bancas, uma notícia triste: devido às chuvas em Belo Horizonte, 22 pessoas morrem soterradas pelo lixo que era colocado numa colina pela prefeitura.
Hoje, começam também as semifinais do Campeonato Nacional: tem Palmeiras x Coritiba no Pacaembu e Inter x Santos no Beira-Rio.
Hoje, fiquem tranquilos: não vamos falar sobre o Brito. Em compensação, Jairzinho e Djalma Dias obtiveram efeito suspensivo no STJD e jogam contra o Grêmio amanhã.
Engraçado, a gente fala de futebol porque, naqueles tempos, de censura brava, tudo o que podíamos ver, nos jornais, era futebol e notícias internacionais.
O prefeito – Bolote – inaugurou as novas lâmpadas de vapor de mercúrio, que deixariam a cidade iluminada como nunca.
O padre Vicente abriu a Igreja para os jovens, e os violões animavam as missas, os encontros, as gincanas e as campanhas de Natal e inverno.
Ah, e pra quem diz que só damos notícia de futebol, vamos falar de cinema: hoje, o diretor sueco Ingmar Bergman anunciou seu casamento, pela sexta vez! Deus me livre e guarde, diz minha madrinha, e se benze.
O grande barato era a luz negra e as bebidas da moda eram Gin Tônica, Cuba Libre, Campari, sem esquecer a Batida de limão e o Rabo de Galo.
Pois bem: foi neste cenário, ao mesmo tempo ingênuo e vibrante, conservador e psicodélico, mais precisamente depois de amanhã, que um grupo de rapazes vai se unir, imaginando estar um dia num grande palco, com suas músicas reconhecidas e cantadas por todos.
Ali vai começar a nascer, mais do que o simples sucesso – que é efêmero – um sonho que jamais irá morrer, pois este é o lema do grupo, O QUE SEMPRE FOI SEM NUNCA TER SIDO. Será?
(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
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