Cartaz do Cine Brasil em 17.11.1971
São João Nepomuceno, 17 de novembro de 1971, quarta-feira.
Serjão escuta a Rádio Globo: no sorteio dos jogos para as seminifinais do Campeonato Brasileiro, o Botafogo joga com o Grêmio, domingo que vem, no Estádio Olímpico.
Ontem, passeamos pela Rua do Sarmento mas, havia outra atração na cidade: o cinema, o Cine Brasil que, às vezes, arrastava multidões, principalmente nas quartas-feiras, hoje, quando ocorre a sessão do troco e todo mundo paga meia. Hoje a noite vai passar A Quadrilha da Fronteira, com o Lee Van Cleef. Lembram dele? Ele era o Feio, daquele filme do Clint Eastwood O Bom, O Mau e O Feio, que aqui no Brasil se chamava Três Homens em Conflito. Pois é, mas no filme de hoje, o Lee é o mocinho, Roy King, que, para vingar a perda da mulher Alicia (a doce, e bota doce nisso Gina Lollobrigida) para o revolucionário Francisco Paco Montero (James Mason), ajuda a roubar um milhão de dólares do governo mexicano.
Cinéfilo de carteirinha, o Jorge Marin estava sempre no cinema, geralmente com o Reynaldo Soares, da fábrica de vassouras, e o sr. José Henriques. Aguardavam, ansiosamente, os filmes que estavam sendo lançados nos cinemas do Rio, e só chegariam em São João, se chegassem, uns seis meses depois: 24 Horas de Le Mans, Love Story e Moscou Contra 007.
A sinuca do Cida era parada obrigatória para todos os rapazes que fingiam estar se concentrando no jogo mas ficavam de olho nas meninas (chamavam-se cocotinhas) que passavam. Enquanto as cocotinhas pareciam interessadas nos rapazes, mas se encantavam mesmo com o ritual daquele jogo, na época só para homens.
Ao longe, o barulho do semáforo da linha férrea anunciava a passagem do trem em frente ao Bar Central.
O negócio é ir pra casa. Dúvida cruel: Discoteca do Chacrinha na TV Globo ou Cidinha Livre na Tupi?
(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
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