terça-feira, 22 de novembro de 2011

RELEITURAS - AS MANGAS ROLAM EM SÃO JOÃO 2 - HABEMUS PYTOMBA!

É NÓIS!

São João Nepomuceno, 22 de novembro de 1971. Segunda-feira.
Parou a chuva. Vai acontecer: O PRIMEIRO ENSAIO.
Fechados, dentro do Barracão, começamos a tocar os instrumentos. É lógico que é um momento só nosso. É o início de um sonho. Nós, a música, a magia... MAS...

Passando por ali, de carro, aquela figuraça (até hoje) Guilherme Bellini, ouvindo a barulhada e vendo o piscar das luzes, saiu pela rua convidando a todos que via para um “baile na casa do Sílvio Heleno”. A mãe deste, dona Mariana não conseguia entender a multidão de jovens passando pela sua cozinha e preferiu fechar a porta e esperar aquilo tudo acabar. Enquanto isto, o som rolava solto até a noite, e a galera dançou até que não restou manga sobre manga. Depois, tranquilos e calmos, todos saíram como se nada houvesse acontecido, enquanto dona Mariana ainda avaliava se poderia abrir sua porta com segurança.
O repertório oficial incluía músicas como My Pledge of Love, Isn’t It a Pity, What’s Life, It Don’t Come Easy. Como se vê, a influência dos Beatles era clara.
Mas quem eram os componentes fundadores do Pytomba?
- guitarra solo, SÍLVIO HELENO;
- guitarra base e voz, DALMINHO;
- bateria, SERJÃO;
- baixo MÁRCIO VELASCO;
- iluminação: RENATINHO ESPÍNDOLA.
Os primeiros aparelhos e instrumentos eram exclusivos e feitos especialmente para a banda: enquanto os outros utilizavam a bateria Pinguim, a do Pytomba – de origem desconhecida - era a Urso Polar, na verdade um surdo com esteirinha, um bumbo com pedal e um prato com arrebites. Os conjuntos comuns usavam um amplificador de voz Plantronics A100, mas o do Pytomba era o A(sem)nada e seus alto falantes pulavam alegremente pelo chão. Os violões possuíam cristais, o chifre era de boa qualidade, mas os dois microfones eram aqueles de gravador, apoiados num sofisticado pedestal Zebra, nada a ver com os genéricos da marca Girafa. As luzes, ou ambas as luzes, eram lâmpadas de Natal, giradas vigorosamente pelo iluminador. Os leigos, que não entendiam aquela revolução musical, indagavam por que não uma bateria Super Pinguim, aparelhos de guitarra e baixo Plus ou Super Tremendão, aparelhos de voz A100 ou A200, microfones Surian ou AKG, pedestais Girafa, baixo e guitarras Fender, câmara de eco, gelo seco e um órgão Caribbean?
A resposta era simples:
- Porque não!

Hoje, 40 anos depois, pensamos: o que é que nós fizemos? Pegamos alegria, juventude, amizade, sensibilidade e amor à vida. E cantamos e tocamos e demos muita risada.
Agora, neste exato momento, dentro dos nossos corações, tudo continua do mesmo jeito. Só o tempo que passou.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL