quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

QUE FALTA ME FAZ O XODÓ!

Digital art por Kyuubidreams

Semana passada, quando o Serjão relembrou o som do Yes, me veio à mente um outro ponto de encontro, muitas vezes omitido de nossas paisagens passadas. O Bar Xodó, ali na Rua Duque de Caxias, em frente à Padaria do Hildebrando, foi onde surgiram, em nossas vidas, todos esses sons fantásticos. Foi lá que eu conheci o Yes, o Jethro Tull, o Emerson Lake & Palmer, o Genesis, o Pink Floyd e tantos outros.
Dia sim, outro também, lá estávamos, junto com o Vicente, conhecendo algum novo LP (que saudade do vinil!). Eu era tão fanático que saía emprego, na hora do almoço, e dava uma passadinha por lá, com meu amigo Gilberto Bertolini, para escrevermos poesia nos guardanapos.
À noite, éramos uma só tribo, com camisetas curtas, calças jeans e botinas. As meninas não vinham tão “armadas” como vão hoje aos bares. O look era simples, cabelos soltos, pouca maquiagem e também bebiam menos. Apesar de serem para quatro pessoas, todos circulavam pelas mesas dos outros e iam até o toca-discos substituir o som. O Bellini, como sempre, fazia a coreografia das músicas, e sabia qual era a faixa boa.
Escrevo este post da mesma forma como nos comportávamos no Xodó: sem planos e sem pretensões. Engraçado é que eram os Anos de Chumbo, mas éramos tão leves. Alguns chegavam a voar e tínhamos de levar em casa, bater na porta, deixar a “encomenda” e sair correndo, para não levar esculhambação das mães, que achavam, como hoje, que os excessos dos filhos eram culpa nossa, das más companhias.
Para não voltar rápido para casa, traçávamos rotas totalmente bizarras, como passar em frente ao cinema, ao tiro de guerra, dar aquela esticada na pracinha do Coronel, bater um papo no murinho do Adil, outro no Correio e até na beira do córrego, em frente à casa do Serjão.
Era muita conversa, muito riso e muitos sonhos.
Hoje, nestas lembranças, percebo que não há motivo algum para não continuarmos leves. Se falta juventude (e vejam que não falta porque nossos filhos estão por aí) sobra-nos humor; se falta aventura, sobra-nos conhecimento e, se falta dinheiro, naquele tempo também faltava. Talvez nos falte Xodó. E um pouco mais de vinil, quem sabe?

(Crônica; Jorge Marin)

3 comentários:

  1. Jorge,
    Muito legal esta sua lembrança do Xodó e dos amigos Gilberto Bertolini e Vicente. Duas “figuraças”, que tenho muito apreço e que foram também, meus irmãos de Guerra.
    Abraços

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  2. O Xodó funcionava onde hoje é o Mister Hotel?Lembro-me vagamente.
    Eduardo Tamiozo

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  3. Quantas boas lembranças!!!!!
    Sempre dávamos uma passadinha no Xodó, antes ou durante de irmos pra aula no Ginásio do Só Bi (Fazíamos o curso normal)
    Dona Rizza,nossa professora, um dia perguntou se estávamos tomando o Teorema de Pitágoras, pois sempre que passava, indo para o colégio, la estávamos a tomar aquela Vaca Preta ou deliciando aquele quibe de Dona Conceição com coca-cola . Isto sem esquecer que uma de minhas amigas tinha sempre que se esconder no banheiro ou debaixo da mesa quando alguém da família passava para pegar o pão na padaria do Debrando...Que sufoco, pois era horário de aula!!!
    Xodó passou... Mas as amigas as tenho até hoje...
    Jorge, obrigado por gostosas lembranças.

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BRIGADU, GENTE!

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