sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A CASA DA TIA IRINEIA

Arte digital por R. E. Schultz

Capítulo 2: Um baile bom pra cachorro

NA SEMANA PASSADA, estávamos na paz: após filar aquele cafezinho, filávamos também um cigarro e até o violão do Márcio.
Por falar desse violão, que era um Rei, coitado dele! Vocês acreditariam se eu dissesse que um de seus bichinhos estimação, que era o cachorro Rajá, quase que devorou um pedaço dele. Ou era o Lobo Bobo? Aquele mesmo cãozinho de rabo branco, e o resto do corpo também. Por sinal, o grande sucessor do Rajá.
Bem, só sei que de dentadas em dentadas, um de nossos caninos ia, homeopaticamente, a cada dia, roendo um pouquinho mais. Eu nunca havia visto cachorro brincar de cupim, mas o Rajá (ou o Lobo) brincava! Garanto que não era fome, pois sou testemunha de que os bichos eram muito bem tratados.
Riamos muito também, quando o mesmo Rajá, após sair em disparada morro abaixo, geralmente atrás de um gato, ao chegar à esquina não conseguia frear e muito menos fazer a curva. Cantando pneu (raspando o bumbum no passeio), continuava em linha reta e, após atravessar a rua beirando uns cem por hora, ia parar quase na portaria dos Trombeteiros. Um autêntico mascote pytombense!
Por sinal, esta família do Rajá era o maior barato, pois chegaram até a nadar na bacia que estávamos usando para lavar os copos, em uma das vezes em que o Pytomba fez um baile no terreiro.
Falando em baile, modéstia à parte, esta noite foi uma sensação e motivo de comentário por muitas semanas. Tudo foi superorganizado, apesar do nosso descuido em deixar que os cachorros nadassem na bacia dos copos. Ninguém é perfeito!
Chegamos até a adaptar nas árvores vários spots, o que deixou o terreiro com um tremendo visual. Deixamos o ambiente todo colorido.
O lugar ficou lotado e, se tivéssemos cobrado ingresso, teríamos faturado uma boa grana naquela noite. Pintou gente de tudo quanto é lugar. Até um barzinho foi improvisado logo abaixo do pé de ameixa, pois lá era servida uma deliciosa batida de limão.
Também foi nesta noite que tivemos a infeliz idéia de montar um palco com o tablado da dona Mariana. Este hilariante episódio, que deu muito o que falar (e ouvir), já foi abordado em um dos posts no inicio do blog.
Tia Irineia vivia achando graça de nossas maluquices, mas também era superdivertida. A única pessoa da qual não filávamos nada era o meu cunhadão Élcio, o filho mais velho da tia que, nesta época, morava em Belo Horizonte. Pessoa muito querida e presente sempre que possível, saiu de casa ainda jovem para buscar a vida profissional na capital. Ainda bem, para ele, pois não teve que aturar nossas invasões.
E bota invasão nisso... Se era dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo, aí é que a coisa pegava fogo mesmo. Ficava sem lugar. Enquanto subíamos todos para o terraço, a tia ficava sozinha, dentro de casa, andando de um lado ao outro, sempre acompanhada de seu inseparável cigarrinho, além, é claro, do Rajá. Ou seria o Lobo? E desta forma ela permanecia: da cozinha pra janela e da janela pra cozinha, até que o jogo terminasse.
NA PRÓXIMA SEMANA: Brasil na copa da Espanha 82, a tragédia lá, no Sarriá, e outra tragédia aqui, no banheiro... Não percam!!!

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

Um comentário:

  1. Tenho muito carinho por todos da casa da Tia Irineia e tive o prazer de ter convivido de vários dos momentos relatados

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BRIGADU, GENTE!

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