sexta-feira, 14 de setembro de 2012

DE SETE A SÓ-TENTA - Capítulo 3



Êta ano bão dimais esse tal de 1972!  A gente escolhia um amigo, “arrastava” ele e tinha sempre um programa divertido, na rua, na chuva, na fazenda, numa casinha de sapé, ou até em pé, na Pracinha do Coroné (só pra rimar).

À noite, fui à casa de meu amigo, ”Futuro Arrastado de Número Quatro” chamá-lo para darmos uma volta na rua.  Muita sinuca, comentários sobre as cocotinhas (quem não sabe o que é, favor consultar o Google), futebol, piadas e uma bela programação para o outro dia.  Eram nossas divertidas andanças pelas montanhas tirando fotos, rindo bastante e fazendo nossas inesquecíveis listinhas das mais cobiçadas.  Era um porto seguro onde havia espaço somente para o bom humor, muita presença de espírito e inúmeras risadas.

No outro dia meu amigo, “Futuro Arrastado de Número Um” apareceu aqui em casa querendo combinar de irmos pra roça no próximo final de semana. Teríamos que tocar em Mar de Espanha no sábado e, dependendo do astral, iríamos sim.  E fomos.
Passamos o dia inteiro escutando a Rádio Mundial AM em um aparelho Transglobo que levamos conosco.  Acho que deveria pesar uns dois quilos. Quaramos no sol até que o último raio se escondesse nas montanhas dos Núcleo.  Atenção: aqui em São João, a forma correta é OS NÚCLEO, quando nos referimos ao Distrito Carlos Alves.  Portanto, nem pensem em corrigir, pois esta é a forma vernácula!

Pescamos lambari com alto grau de dificuldades, pois a água do córrego era tão rasa, mansa e límpida, que chegávamos a colocar a isca diretamente em suas bocas!
Corremos pelos pastos descalços e subimos colinas de cuecas pra fugir das vacas.  Fomos parar numa plantação de JOÁ, pulando que nem cabrito por causa dos espinhos.  E elas, as vacas, não estavam nem aí pra gente.
Pisamos numa cobra “perigosíssima” (cobra d’água) que estava na margem do riacho e, enquanto corríamos apavorados para um lado, a cobra, mais assustada ainda, corria pro outro.
Fizemos farofa com um torresmo “vencido” do Tio Gaby e comemos tudo com suco de limão.  Voltamos depois pra quarar no sol e, no outro dia, apareceu em meu rosto um monte de “perebas”.  Até na orelha tinha.  Fiquei um monstro...
(a arrastação continua)

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

Um comentário:

  1. Deu para identificar o nome e a data registrada na Pedra do Coquinho."Eta lugar bom dimais da conta, gentcH"!!!... Lindo para contemplar a natureza!!!
    Dorinha

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BRIGADU, GENTE!

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