quarta-feira, 1 de julho de 2015

DE LAMBARIS A MURIÇOCAS


Passando pela Rua Joaquim Murtinho, confesso que fiquei um tanto impressionado ao ver essa paisagem. E olhem que o período de SECA, ainda mal começou!

Podemos perceber, nitidamente, que nosso córrego Stidum, diante desta escassez de CHUVA, está com seu leito bastante baixo, trazendo com isso, além de um incômodo odor, PERNILONGOS pra mais de metro. E, se é que podemos dizer que tem algo de positivo nisso, pelo menos acabaremos nos tornando exímios tenistas, de tanto usar essa raquete elétrica.

Acreditariam se dissesse que por aquelas águas pescávamos lambaris, e que até mesmo generosas traíras eram facilmente encontradas entre as fendas de seu muro de pedra?      
                                                                                                                                            Muitas vezes, por esse mesmo local, na Rua Joaquim Murtinho, descíamos até suas margens no intuito de caçar rãs. Munidos de lanternas e apenas na companhia do cantar dos grilos e do coaxar dos sapos, seguíamos por onde hoje é a Avenida Tiradentes e, ladeando a rua da mina, terminávamos nossa aventura no bairro Santa Terezinha. 

Ainda mais interessante é poder lembrar, nesta hora, dos momentos em que meu velho e saudoso pai dizia das muitas vezes em que, juntamente com seu amigo José Bellini, nadava em um remanso de águas límpidas que se formava entre o clube Botafogo e aquela ponte de acesso ao bairro Carlos Stiebler. Ironicamente, naquele mesmo local hoje, existe uma imensa manilha trazendo resíduos líquidos de algum bairro da cidade.
                                                                                               
Mas, voltando aos PERNILONGOS, quem sabe, pra futuro, não fosse construída uma pequena barragem no inicio de seu curso para que assim, ao menos uma vez por mês, principalmente neste período de seca, fosse aberta sua comporta, aonde uma breve descarga viesse limpando as margens?

Cimentar o seu leito seria também outra solução, que, com certeza, inibiria os criadouros que se formam em suas laterais.

Enfim, mesmo consciente dessa crise generalizada e de que, na realidade, as coisas não seriam tão simples e baratas assim, não custa nada sonhar. E se o córrego, digo o mar, não está mesmo pra peixe, então o negocio é continuar a fechar portas e janelas ao entardecer, cobrir a cabeça com o edredom e, com raquete em mãos, prosseguir praticando.


Crônica e foto: Serjão Missiaggia

4 comentários:

  1. De vez enquanto poderia também ser dada uma boa descarga por estas galerias de pluviais com um produto qualquer pra ajudar acabar com esse problema e com o cheiro insuportável que sai dos bueiros.

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  2. Está horrível, muita sujeira, mal cheiro e pernilongo a valer. Boa crônica, temos que zelar pela nossa cidade.

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  3. Serjão, como sempre, atento à vida da comunidade da qual faz parte e com sugestões sábias e simples para resolver os problemas. Com certeza seria um bom e útil vereador!
    Sei que o Jorge é contra os saudosismos que afirmam que o passado parece sempre melhor, e até concordo com ele que devemos nos policiar para evitar esta tendência, mas na narração de como essas águas eram limpas e desfrutáveis décadas atrás, em comparação com seu restrito e lastimável estado atual, não me é possível evitar concluir que o que ganhamos em conforto e facilidades nos últimos tempos, perdemos em saúde ambiental e emocional.
    Seria tão bom se preservássemos o que temos de bom e acrescentássemos em nossa rotina e estrutura urbana apenas novidades facilitadoras, sem perda da qualidade que já possuímos...

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  4. É verdade, Sylvio, acho que, em face dessa realidade aí, temos mesmo que ser saudosistas, pois, se por um lado ganhamos um discurso preocupado com a questão ambiental e com a qualidade de vida dos cidadãos, por outra impera uma estrutura burocrática mais trabalhosa de ser operada (e mais insalubre às vezes) do que as empreitadas voluntários dos vizinhos daqueles tempos.

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