sexta-feira, 31 de julho de 2015

UM ASSUNTO SÉRIO: O SUICÍDIO


Conversando com um amigo anteontem, comentamos sobre um fato que há alguns anos parecia um fenômeno distante, mas que, de uns tempos para cá, tem se tornado assustadoramente comum: o suicídio.

Hoje em dia, é difícil achar alguém que não conheça pelo menos uma pessoa que tenha se matado. Nessa conversa que tivemos, entre conhecidos de um e de outro, lembramo-nos de cinco pessoas. A última estimativa da Organização Mundial de Saúde, em 2012, considerou que mais de 800.000 pessoas morrem anualmente via suicídio. E, o que é pior, esta é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

O escritor e filósofo francês Albert Camus considerava o suicídio como “a grande questão filosófica de nosso tempo”, isto porque, acreditava ele, antes de deliberar sobre a melhor forma de viver a vida, é preciso saber se, afinal de contas, ela vale a pena ser vivida.

Embora muito se diga sobre os fatores patológicos que levam uma pessoa a esse tipo de autoviolência, ou sobre suas causas sociais, e até mesmo espirituais, é preciso que se diga que matar o corpo parece ser uma solução a que se chega para resolver um conflito entre a vida que se vive e a vida que o indivíduo acha que deveria ser vivida, ou que o sujeito pensa que os outros esperam dele.

Lógico que a coisa não pode ficar no campo da supersimplificação, mas, em tempos nos quais a maioria das pessoas compartilham a sua vida e as suas realizações nas redes sociais, e nós que frequentamos amiúde o Facebook sabemos disso, é cada vez mais comum a idealização do ego. Aqui não tem, salvo raríssimas exceções, pessoas fracas, mal resolvidas ou tristes.

Ora, nós já vivemos um tempim por este mundo para saber que isto não existe. Ou seja, embora muita gente tenha uma vontade muito grande de ter controle absoluto sobre a própria vida e da vida dos que lhe são próximos, este desejo não passa de um delírio não muito diferente daqueles finais de contos de fadas.

Só que, face a essa pressão a qual nos submetemos, seja ela interna ou externa, alucinamos. E, quando o corpo não dá conta de suportar a fantasia absurda de felicidade a qualquer custo, por que então não eliminar o corpo e deixar o perfil intacto?

Não seria o suicídio uma defesa? Confesso não ter uma ideia sobre a melhor forma de lidar com o assunto. Sei que se trata de um problema hoje seríssimo de saúde pública.

Pelo que diz a OMS, desde que comecei a escrever esta crônica até agora, noventa pessoas se mataram no mundo. É preocupante.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : frame do filme Patch-Adams  

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