Conversando
com um amigo anteontem, comentamos sobre um fato que há alguns anos parecia um
fenômeno distante, mas que, de uns tempos para cá, tem se tornado
assustadoramente comum: o suicídio.
Hoje em
dia, é difícil achar alguém que não conheça pelo menos uma pessoa que tenha se
matado. Nessa conversa que tivemos, entre conhecidos de um e de outro,
lembramo-nos de cinco pessoas. A última estimativa da Organização Mundial de Saúde, em
2012, considerou que mais de 800.000 pessoas morrem anualmente via suicídio. E,
o que é pior, esta é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
O escritor
e filósofo francês Albert Camus considerava o suicídio como “a grande questão
filosófica de nosso tempo”, isto porque, acreditava ele, antes de deliberar
sobre a melhor forma de viver a vida, é preciso saber se, afinal de contas, ela
vale a pena ser vivida.
Embora muito
se diga sobre os fatores patológicos que levam uma pessoa a esse tipo de
autoviolência, ou sobre suas causas sociais, e até mesmo espirituais, é preciso
que se diga que matar o corpo parece ser uma solução a que se chega para
resolver um conflito entre a vida que se vive e a vida que o indivíduo acha que
deveria ser vivida, ou que o sujeito pensa que os outros esperam dele.
Lógico que
a coisa não pode ficar no campo da supersimplificação, mas, em tempos nos quais
a maioria das pessoas compartilham a sua vida e as suas realizações nas redes
sociais, e nós que frequentamos amiúde o Facebook sabemos disso, é cada vez
mais comum a idealização do ego. Aqui não tem, salvo raríssimas exceções,
pessoas fracas, mal resolvidas ou tristes.
Ora, nós
já vivemos um tempim por este mundo para saber que isto não existe. Ou seja,
embora muita gente tenha uma vontade muito grande de ter controle absoluto
sobre a própria vida e da vida dos que lhe são próximos, este desejo não passa
de um delírio não muito diferente daqueles finais de contos de fadas.
Só que,
face a essa pressão a qual nos submetemos, seja ela interna ou externa,
alucinamos. E, quando o corpo não dá conta de suportar a fantasia absurda de
felicidade a qualquer custo, por que então não eliminar o corpo e deixar o
perfil intacto?
Não seria
o suicídio uma defesa? Confesso não ter uma ideia sobre a melhor forma de lidar
com o assunto. Sei que se trata de um problema hoje seríssimo de saúde pública.
Pelo que
diz a OMS, desde que comecei a escrever esta crônica até agora, noventa pessoas
se mataram no mundo. É preocupante.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : frame do filme Patch-Adams
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