Putzgrila! Agora deram pra me
combar.
Sabem aqueles sanduíches do
McDonald’s que, quando você pede o pão, já vem, no pacote, o molho, a batata e
o refri? Pois é, algumas pessoas, muitas delas esclarecidas e frequentadoras da
minha casa, e alguns amigos do Facebook, chegaram à conclusão de que eu não sou
um ser pensante: sou um combo.
A história toda começou quando um
amigo meu, historiador, me questionou por quê eu não havia colocado aquele
arco-íris no meu perfil do Face. Respondi com uma pergunta:
- Por que eu deveria? – e a
réplica dele foi espantosa:
- Porque você é simpatizante do lobby
gay.
Eu, que tenho verdadeiro HORROR a
qualquer tipo de lobby (de esquerda, de direita, de cima, de baixo),
questionei:
- E o que te faz pensar que eu sou
a favor do lobby gay?
- Ora, meu amigo, porque você é
comunista. Você não votou na Dilma?
Quando ele falou isso, até em tom
meio acusador, algumas pessoas olharam pra mim e, quando um dos presentes
abaixou-se pra pegar alguma coisa que havia caído, pensei: danou-se, agora vão
começar a me apedrejar!
Brincadeiras à parte, o que está
acontecendo nas redes de convivência, facebook ou face to face, é muito grave:
as pessoas estão começando a se combar mutuamente. Eu, por ter votado na Dilma,
sou comunista, morro de vontade ir pra Cuba, sou militante da causa gay, ateu
convicto e quero aumentar a maioridade penal para 65 anos.
Da mesma forma que o meu amigo,
como eleitor do Aécio (porque parece que só tem dois candidatos em uma eleição
que JÁ acabou), é de direita, capitalista, antigay, extremamente religioso e
quer a pena de morte para quem pratica o aborto e a prisão para todos os
menores infratores.
Como diria o Fernando Collor: minha
gente, a coisa não funciona dessa maneira. E por um motivo muito simples:
porque eu, e a maioria de nós, pensamos. Assim, posso ter votado na Dilma (na
eleição passada), mas admirar o capitalismo; não ter a mínima vontade de ir à
Havana mas ter amigos e amigas assumidamente gays; defender a autonomia
feminina para realizar o aborto e ser favorável à total eliminação da chamada
maioridade penal.
Mas o meu amigo ficou ali,
inflexível, me encarando. Que resposta ele poderia esperar de um homem semi-idoso, pai de família, aposentado, estudante de budismo e psicanalisado?
Sabem o que eu respondi pra ele:
- Ora, meu amigo, por que você não
vai tomar...
Crônica: Jorge Marin
Foto : disponível em https://namaha.wordpress.com/2009/05/04/eye-see-diversity/
A resposta está à altura da pergunta, meu amigo Jorge.
ResponderExcluirObrigado, amigo Sylvio, você realmente concorda ou acha que estou numa cruzada contra os historiadores?
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