quarta-feira, 29 de julho de 2015

O CINE BRASIL


E já que falamos, na semana passada, um pouquinho sobre a SINUCA DO CIDA, não custa nada acabarmos de subir a Rua Getúlio Vargas, mais conhecida pelos cinqüentões de plantão como a Rua do Grupo Velho, e darmos uma esticadela até o Cine Brasil. Local este que veio, por décadas, também a marcar gerações. Diferentemente da Sinuca do Cida, aquele local era frequentado dos oito aos oitenta anos.

Já na infância, éramos quase sempre levados pelos nossos pais, principalmente num período em que existiam poucas televisões na cidade. Pra lá nos dirigíamos em busca de magia e aventura, que, facilmente, eram encontradas nos inocentes filmes de “mocinho”, “assombração” ou ” filmes de rir”. Épocas de Ben-Hur, Os Dez Mandamentos, Quo Vadis, Marcelino Pão e Vinho e outros clássicos mais, que ficariam eternizados para sempre em nossa memória.

Do lado de fora, um inesquecível cheirinho de pipoca e amendoim torrado já ficava à nossa espera, enquanto, pacientemente, ficávamos por um bom tempo nos arrastando naquelas imensas filas.

Uma musiquinha básica permanecia tocando dentro do cinema, enquanto, ainda de luzes acessas, íamos comprando balas, pirulitos e outros.
Confesso que ficava superapreensivo ao esperar por aquele sinal sonoro que anunciava o início do filme. Um som poderosíssimo e grave que dava medo e assustava muito.

Já na adolescência, muitos fatos inusitados e até engraçados chegaram a acontecer, sendo que, se estivesse em cartaz um “filme de sacanagem”, aí é  que a galera ficava bastante assanhada. Confesso que tentar engabelar nossa querida e saudosa dona Zenir e a senhora Aparecida Bovoy naquela época era bem complicado.

Certa vez, ficamos, eu e alguns amigos, quase quarenta minutos na fila,  debaixo de chuva fina, para assistir VANESSA A INSACIÁVEL, sendo que, ao chegar à portaria, fomos recebidos amistosamente por dois policiais que,   exigindo identidade e desconfiados de nossas caras, queriam saber nossa idade. Não tivemos alternativa e, após sair de mansinho, correremos mais que depressa para as portas laterais pra ficar nos atropelando e assistindo o filme pelas gretas.

Também muitos encontros e namoros aconteciam, principalmente no andar superior. Pior que os mais exaltados eram sempre pegos de surpresa quando a danada da fita arrebentava e as luzes eram acessas.  Naquela hora, enquanto alguns despistavam, outros ficavam assoviando e pedindo o dinheiro de volta.

Também não menos incômodo nessa hora de romance, era o barulho do chinelinho do Sr. Geraldo Honório subindo e descendo aquelas escadarias. Literalmente, tínhamos que ficar de olho e de orelha em pé também.

Dependendo do filme, bons cochilos aconteciam somente interrompidos quando as luzes se acendiam e o barulho daquela cortina da portaria se fazia ouvir, ao ser aberta repentinamente no final de cada filme. Mas, o grande despertador mesmo eram as imensas portas laterais sendo empurradas quando abertas. Não sei se por sacanagem, mas esse fato sempre ocorria antes mesmo do filme terminar. Aí era aquele susto, não somente para os dorminhocos como também para os mais distraídos.

E assim, ao término de cada sessão e já do lado de fora, o negócio era comprar aquele saquinho de amendoim de nosso saudoso Bié, e sair pela rua comentando o filme e cantarolando, felizes da vida, XIRIBI-XIRIBI-QUÁ QUÁ!

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL