sexta-feira, 12 de junho de 2015

A NAMORADA, ESSA DANADA!


Em 1970, a namorada era um sonho... bonita, educada, ar angelical. Alguns colegas mais velhos ainda exigiam que ela fosse prendada, que era o nome que davam para as mulheres que iriam se transformar em futuras donas de casa.

Desejar que a namorada fosse gostosona era impensável, pois, naqueles tempos de “casar primeiro”, a última coisa que deveria ser pensada era a questão corporal. Mas aí surgia um grande problema, que, certamente, nossos antepassados não tiveram que enfrentar: como não pensar no corpo da gata com aquelas sainhas tão curtinhas?

Bem, deixemos essa questão aos antropólogos, pois o que interessa aqui é o namoro em si. Namorar, naquele tempo, tinha muito a ver com o amor romântico: todos sabiam que, em algum lugar, havia uma pessoa que, invariavelmente, era do outro sexo (curioso, não?) e cujos atributos físicos e espirituais (outro conceito vintage!) combinavam exatamente com o meu desejo.

Lógico que nos ferrávamos todos, pois tal ser não existe! Aí, nos dividíamos em dois grupos: o dos bocós que, assim como eu, esperavam e analisavam (de longe) todas as meninas, esperando um dia encontrar a certa. E o outro grupo, mais pragmático e moderno, que filosofava assim: enquanto não acho a certa, vou me divertindo com as erradas.

Porém, essa diversão com as meninas erradas compreendia namoros, de mãos dadas, que duravam alguns meses, às vezes anos. Bem diferente da “ficada” de hoje, onde, numa mesma noite, uma moça, com uma boa pasta de dentes na bolsa, pode ficar com até vinte caras. Ou seja, namorar, nos dias atuais, leciona o meu sobrinho de dezessete anos, é quando a gente fica mais de três vezes e, logicamente, após publicar aquele lance de “num relacionamento sério” no Facebook.

De qualquer maneira, namorar, tanto antigamente como nos dias atuais, ainda continua sendo uma das melhores coisas do mundo. Apaixonados, esquecemos do tempo, de nós mesmos, do cartão na máquina, do guarda-chuva no ônibus. E sorrimos. Mesmo achando que a vida não é bela, e que ninguém é perfeito, exceto ela... a namorada.

Crônica: Jorge Marin

2 comentários:

  1. Namorar é – literalmente – colocar mais tesão na vida!
    Se for temporário ou de forma torta, ainda assim dá para aproveitar alguns bons bocados. Se o namoro for mais sólido e assertivo, que seja eterno enquanto dure.

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    1. Sylvio, você está quase completamente certo: o amor naqueles tempos era assertivo mesmo, embora a palavra "sólido" fosse considerada um pouco subversiva quando se tratava de namorar.

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BRIGADU, GENTE!

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