Em 1970,
a namorada era um sonho... bonita, educada, ar angelical. Alguns colegas mais
velhos ainda exigiam que ela fosse prendada, que era o nome que davam para as
mulheres que iriam se transformar em futuras donas de casa.
Desejar
que a namorada fosse gostosona era impensável, pois, naqueles tempos de “casar
primeiro”, a última coisa que deveria ser pensada era a questão corporal. Mas
aí surgia um grande problema, que, certamente, nossos antepassados não tiveram
que enfrentar: como não pensar no corpo da gata com aquelas sainhas tão
curtinhas?
Bem,
deixemos essa questão aos antropólogos, pois o que interessa aqui é o namoro em
si. Namorar, naquele tempo, tinha muito a ver com o amor romântico: todos
sabiam que, em algum lugar, havia uma pessoa que, invariavelmente, era do outro
sexo (curioso, não?) e cujos atributos físicos e espirituais (outro conceito vintage!) combinavam exatamente com o
meu desejo.
Lógico
que nos ferrávamos todos, pois tal ser não existe! Aí, nos dividíamos em dois
grupos: o dos bocós que, assim como eu, esperavam e analisavam (de longe) todas
as meninas, esperando um dia encontrar a certa. E o outro grupo, mais
pragmático e moderno, que filosofava assim: enquanto não acho a certa, vou me
divertindo com as erradas.
Porém,
essa diversão com as meninas erradas compreendia namoros, de mãos dadas, que
duravam alguns meses, às vezes anos. Bem diferente da “ficada” de hoje, onde,
numa mesma noite, uma moça, com uma boa pasta de dentes na bolsa, pode ficar
com até vinte caras. Ou seja, namorar, nos dias atuais, leciona o meu sobrinho
de dezessete anos, é quando a gente fica mais de três vezes e, logicamente,
após publicar aquele lance de “num relacionamento sério” no Facebook.
De
qualquer maneira, namorar, tanto antigamente como nos dias atuais, ainda
continua sendo uma das melhores coisas do mundo. Apaixonados, esquecemos do
tempo, de nós mesmos, do cartão na máquina, do guarda-chuva no ônibus. E
sorrimos. Mesmo achando que a vida não é bela, e que ninguém é perfeito, exceto
ela... a namorada.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Beat Eisele, disponível em http://www.deviantart.com/art/A-pretty-girl-in-pink-heels-167886034
Namorar é – literalmente – colocar mais tesão na vida!
ResponderExcluirSe for temporário ou de forma torta, ainda assim dá para aproveitar alguns bons bocados. Se o namoro for mais sólido e assertivo, que seja eterno enquanto dure.
Sylvio, você está quase completamente certo: o amor naqueles tempos era assertivo mesmo, embora a palavra "sólido" fosse considerada um pouco subversiva quando se tratava de namorar.
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