Tenho vivido com a
nítida sensação de que tudo vai, aos poucos, se desfazendo. Como se um imenso e
mágico cenário, que teria sido montado no palco de nossa infância e juventude,
fosse aos poucos sendo desmontado.
Desmontado a cada ÁRVORE
que morre ou que é sacrificada.
Desmontado quando um
ENTE querido vai embora.
Desmontado a cada
NASCENTE que seca.
Desmontado no puro AR
ou no precioso SILÊNCIO que em poluição se transforma.
Desmontado a cada
CASARÃO que tomba ou que simplesmente é jogado ao chão.
Desmontado a cada AMIGO
que parte, levando de nós um pedaçinho da canção.
E tudo vai se
desfazendo.
As luzes se apagando,
As cortinas se
fechando,
Até que um belo dia
Teremos que, também,
sair de cena.
Crônica e foto: Serjão Missiaggia
Boa e filosófica crônica. A não perenidade é uma terrível angústia humana, indecifrável.
ResponderExcluirPostagem perfeita!
ResponderExcluirEsta triste, bela e verdadeira realidade foi muito bem descrita pelo sucinto e preciso texto, e o Serjão ainda emendou com esta foto que, por si só, também já passa o mesmo recado: pessoas idosas vendo casas idosas sendo descartadas, antevendo a iminente derrubada para o esquecimento.
A história se forma através de sucessivas camadas de pós (do depois, dos escombros e dos ossos). Implacável realidade...
Obrigado, Sylvio, também achamos que a presença daquelas duas senhoras, angustiadas, refletem bem a angústia nossa de cada dia, pois o fato da impermanência chegar para todos não nos exime da obrigação cívica de preservar e valorizar a identidade local e a memória urbana. Como diz o Jaime Lerner, que já esteve ensinando em Juiz de Fora (mas parece que ninguém aprendeu): "cidade não problema; cidade é solução".
ExcluirObrigado, Sylvio, também achamos que a presença daquelas duas senhoras, angustiadas, refletem bem a angústia nossa de cada dia, pois o fato da impermanência chegar para todos não nos exime da obrigação cívica de preservar e valorizar a identidade local e a memória urbana. Como diz o Jaime Lerner, que já esteve ensinando em Juiz de Fora (mas parece que ninguém aprendeu): "cidade não problema; cidade é solução".
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