quarta-feira, 17 de junho de 2015

UMA TANAJURA EM MEU TERREIRO


Por incrível que pareça, semanas atrás, fui surpreendido com uma bela TANAJURA passeando em meu terreiro. Pra ser sincero, já havia até me esquecido desses insetos, pois, pelo que parece, estão também entrando em extinção. Pior que, para colaborar ainda mais com esse aparente desequilíbrio ecológico, a coitadinha foi entrar justamente dentro do galinheiro. Aí, meu amigo garnisé, o Pavarote, diante daquele bumbum recheadinho, que possivelmente também não via há tempos, não pensou duas vezes e créu!
                                                                                                                                                              Mas, lembro que era uma festa sairmos pegando tanajura pela rua pra brincar de ventilador. O negócio consistia em fincar um pauzinho em seu bumbum para que assim, batendo asas, provocassem um pequeno ruído, juntamente com um ventinho muito interessante. Sua picada era poderosa e, da mesma forma que as FORMIGAS SAÚVAS, muitas vezes chegavam a sangrar.

Falando em formigas saúvas, mais conhecidas pela meninada do meu tempo por formigas “cabiçudas”, tenho reparado que também se trata de outra espécie bastante sumida, pelo menos nas áreas urbanas. Adorávamos brincar em suas trilhas deixadas na beira da calçada, quase sempre oriundas de algum terreiro ou jardim. Pior que as danadinhas desbastavam um arbusto com tal rapidez, que, se encontrassem uma roseira pela frente, era um deus nos acuda. Cheguei a subir num formigueiro de quase três metros de altura que teria sido encontrado certa vez pela nossa turminha no porão de um casarão abandonado. Era tão alto que, após escalá-lo, alcançávamos o piso de madeira e, por um buraco, adentrávamos pela casa.
                                                         
Tem se tornado também bastante raro depararmos, nos dias de hoje, com as famosas JOANINHAS, os COLÓS, os BESOUROS, as LIBÉLULAS (conhecidas também pela garotada por lava-bunda) e até mesmo os simpáticos VAGALUMES que eram encontrados às centenas voando e piscando pelas ruas. Gostávamos de capturá-los para que assim pudéssemos desenhar e escrever esfregando sua cauda em nossa roupa.

Interessante pensar que, se antes corríamos atrás dos insetos, hoje temos é que correr de  alguns deles. O mosquito da dengue que o diga.

Mas um fato ainda mais preocupante, e que já vem chamando a atenção de pesquisadores e cientistas, é o sumiço das ABELHAS, consideradas indicadores de qualidade ambiental, juntamente com os demais insetos polinizadores.  Ameaças diversas vêm contribuindo para isso e, dentre elas, os desmatamentos e o uso indiscriminado de agrotóxicos. Estudiosos no assunto já vêm, há algum tempo, alertando para esse fenômeno e sobre o prejuízo de uma deficiente polinização, que, segundo eles, muito em breve poderá comprometer, de maneira perigosa, a produção de alimentos.

Sei apenas que, enquanto alguma coisa de muito grave vai acontecendo na natureza, persiste a triste sensação de que, se não abrirmos os olhos e agirmos imediatamente, vamos acabar ficando sozinhos neste planeta. E com fome!

Crônica: Serjão Missiaggia

2 comentários:

  1. Serjão antenado na biodiversidade à sua volta!
    Boas percepções e reflexões! Pior é que a maioria de nós fica tão alienada nos horários e compromissos que mal tem tempo de fazer o que julga eminentemente necessário, quanto mais antever e solucionar preventivamente problemas que se aproximam e aumentam.
    Será que em breve viraremos uma sociedade de zumbis, em busca de um cérebro que nos alimente?

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    1. A nossa esperança, Sylvio, é que, da mesma forma como migramos em massa dos campos para as cidades, nossos amigos insetos tenham feito o caminho inverso, e estejam calmamente, nas roças. Quanto a essa história de sociedade de zumbis, basta dar um pulinho no ponto de ônibus na sexta-feira às cinco da tarde; o trem é trash!

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