Por
incrível que pareça, semanas atrás, fui surpreendido com uma bela TANAJURA
passeando em meu terreiro. Pra ser sincero, já havia até me esquecido desses
insetos, pois, pelo que parece, estão também entrando em extinção. Pior que, para
colaborar ainda mais com esse aparente desequilíbrio ecológico, a coitadinha
foi entrar justamente dentro do galinheiro. Aí, meu amigo garnisé, o Pavarote, diante
daquele bumbum recheadinho, que possivelmente também não via há tempos, não
pensou duas vezes e créu!
Mas, lembro que era uma festa sairmos pegando
tanajura pela rua pra brincar de ventilador. O negócio consistia em fincar um
pauzinho em seu bumbum para que assim, batendo asas, provocassem um pequeno
ruído, juntamente com um ventinho muito interessante. Sua picada era poderosa e,
da mesma forma que as FORMIGAS SAÚVAS, muitas vezes chegavam a sangrar.
Falando
em formigas saúvas, mais conhecidas pela meninada do meu tempo por formigas “cabiçudas”,
tenho reparado que também se trata de outra espécie bastante sumida, pelo menos
nas áreas urbanas. Adorávamos brincar em suas trilhas deixadas na beira da
calçada, quase sempre oriundas de algum terreiro ou jardim. Pior que as
danadinhas desbastavam um arbusto com tal rapidez, que, se encontrassem uma
roseira pela frente, era um deus nos acuda. Cheguei a subir num formigueiro de
quase três metros de altura que teria sido encontrado certa vez pela nossa turminha
no porão de um casarão abandonado. Era tão alto que, após escalá-lo,
alcançávamos o piso de madeira e, por um buraco, adentrávamos pela casa.
Tem se
tornado também bastante raro depararmos, nos dias de hoje, com as famosas
JOANINHAS, os COLÓS, os BESOUROS, as LIBÉLULAS (conhecidas também pela garotada
por lava-bunda) e até mesmo os simpáticos VAGALUMES que eram encontrados às
centenas voando e piscando pelas ruas. Gostávamos de capturá-los para que assim
pudéssemos desenhar e escrever esfregando sua cauda em nossa roupa.
Interessante
pensar que, se antes corríamos atrás dos insetos, hoje temos é que correr
de alguns deles. O mosquito da dengue
que o diga.
Mas um
fato ainda mais preocupante, e que já vem chamando a atenção de pesquisadores e
cientistas, é o sumiço das ABELHAS, consideradas indicadores de qualidade
ambiental, juntamente com os demais insetos polinizadores. Ameaças diversas vêm contribuindo para isso e,
dentre elas, os desmatamentos e o uso indiscriminado de agrotóxicos. Estudiosos
no assunto já vêm, há algum tempo, alertando para esse fenômeno e sobre o
prejuízo de uma deficiente polinização, que, segundo eles, muito em breve poderá
comprometer, de maneira perigosa, a produção de alimentos.
Sei
apenas que, enquanto alguma coisa de muito grave vai acontecendo na natureza, persiste
a triste sensação de que, se não abrirmos os olhos e agirmos imediatamente,
vamos acabar ficando sozinhos neste planeta. E com fome!
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto : Leandro Vitorino, disponível em http://goiasfly.blogspot.com.br/2011/08/tanajura-receita-de-atado-inedita.html
Serjão antenado na biodiversidade à sua volta!
ResponderExcluirBoas percepções e reflexões! Pior é que a maioria de nós fica tão alienada nos horários e compromissos que mal tem tempo de fazer o que julga eminentemente necessário, quanto mais antever e solucionar preventivamente problemas que se aproximam e aumentam.
Será que em breve viraremos uma sociedade de zumbis, em busca de um cérebro que nos alimente?
A nossa esperança, Sylvio, é que, da mesma forma como migramos em massa dos campos para as cidades, nossos amigos insetos tenham feito o caminho inverso, e estejam calmamente, nas roças. Quanto a essa história de sociedade de zumbis, basta dar um pulinho no ponto de ônibus na sexta-feira às cinco da tarde; o trem é trash!
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