sexta-feira, 22 de agosto de 2014

SEM PACIÊNCIA!!!


Gente, tô sem paciência!  Entro no ônibus e, já pela terceira vez nesta semana, entra junto comigo um sujeito com um kit de canetinhas e um cartão.  Usando uma camisa preta, onde se lê “João 8:12”, o cara distribui as canetinhas para cada um dos passageiros do coletivo (exceto para mim que não aceito) e começa um discurso dizendo que foi drogado, presidiário, etc., e pedindo para pagarem dois reais pelas canetas para ajudar a um suposto abrigo para dependentes químicos.  Desço dois pontos antes, só para não ouvir aquelas lorotas.

Será que é a velhice ou as pessoas estão mais chatas?  Faço meu café, pego o pão que acabei de buscar, quentinho, na padaria, passo manteiga (que derrete), coloco o café superquente na xícara e, quando vou saboreá-lo, o telefone toca: é um telemarketing.  Mas não é um telemarketing qualquer: nesse novo tipo de telemarketing, você atende, toca uma musiquinha e, acreditem, colocam você numa fila, até a vendedora tentar te enfiar um produto.  Calmo, espero a música tocar, apenas para xingar aquela pessoa.

Depois de meia hora, volto à padaria para comprar pão quente (pois o outro esfriou enquanto eu ficava na fila do telemarketing).  No caminho, vejo uma mulher com um bebê no colo.  Pode parecer esquisito, mas eu juro que passam por ela dezenas de pessoas e, justamente na minha vez de passar, ela me chama para contar a história da vida dela e pedir uma ajuda, “não é pra mim, sabe, é pro meu filhinho!”. 

Tento atravessar correndo a faixa de pedestres, mas, adivinhem se algum carro para?  Nenhum. 

Quase fui atropelado, mas, pelo menos, não tive que dar esmola. Chego na padaria e, atrás do balcão, três moças estão curtindo um vídeo no Facebook de uma delas. Perguntem se alguma me atende!  Nenhuma.

Resolvo voltar pra casa e comer um pedaço de broa de fubá que um amigo me deu.  Aí me dá uma curiosidade danada de olhar na Bíblia, só para saber o que significa aquele “João 8:12” da camisa do ex-drogado vendedor de canetas.  Aperto o passo e, no portão do meu edifício, um carteiro, ou melhor, uma carteira, espera.  Quando diz o número do apartamento, dou um sorriso e falo: “que sorte, sou eu!”.  E ela me entrega a correspondência... uma notificação de malha fina da Receita Federal.

Pego a broa, faço um café novo. “Não se perturbe o vosso coração”, abri a Bíblia no capítulo errado. Por via das dúvidas, chego à janela e, não vendo ninguém, jogo lá embaixo o meu telefone.  Será que estou com algum tipo de demência?

Crônica: Jorge Marin

Um comentário:

  1. Cara, tem dias que são difíceis de viver e uma alegria esquecer...
    Ê bad trip essa!

    Acredite nos dias melhores que virão e se nada mais estiver dando certo, deixe tudo de lado, medite e durma.
    Se não melhorar, provavelmente não vai piorar.

    Um abraço solidário e solitário.

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