Tradicional
e colorida festa temática rolando na cidade. O elevador para no último
andar. O ascensorista, meu conhecido,
dispara a pergunta:
- Por
que é que gay tem orgulho de ser gay?
Pigarreio
e penso para responder. Por que será que
ele perguntou? Será por causa da festa
ou algum motivo pessoal? Respondo que,
normalmente, as pessoas se orgulham daquilo que são. E saio intrigado.
Sabem
aquelas charadas de Alice no País das Maravilhas? Por que um corvo se parece com uma
escrivaninha? Pois é, a pergunta do
ascensorista ficou martelando na minha cabeça, e acabo chegando à conclusão de
que orgulho, seja gay, seja hetero, ou seja do futebol brasileiro (esse então
nem se fala!) é tudo uma grande bobagem.
E,
antes que os politicamente corretos de plantão venham me apedrejar, já vou
explicando: penso que, devido à repressão e à discriminação que sempre existiu,
as pessoas acabam confundindo dois conceitos bem diferentes, sexo e
sexualidade. Então, vejamos: sexo é
aquilo que tenho no meio das pernas e que me caracteriza como homem ou
mulher. Sexualidade é aquilo que eu
faço, ou não, com aquilo que tenho no meio das pernas. Simples assim.
Então,
a coisa funciona da seguinte maneira.
Nome? Fulano de Tal. Sexo? Na dúvida, dê uma olhadinha e responda,
ou masculino, ou feminino. Só tem essas
duas! Quando o assunto é sexo, não
existe aquele negócio de “nenhuma das respostas acima”.
Agora,
quanto à sexualidade, o buraco é mais embaixo.
Ou em cima, ou de ladinho. Isso
porque as formas de expressar a sexualidade são tantas quantos são os
indivíduos; às vezes até mais, porque uns gostam de variar, outros se convertem,
ou perdem a chave do armário.
Então,
agora falando sério, acho muito complicada essa história de querer fundar um
terceiro sexo, ou quarto ou quinto.
Porque isso acaba limitando a própria sexualidade da pessoa. Vou dar um exemplo, que muita gente aí vai
ficar meio arrepiada (nos dois sentidos): uma grande parte dos garotos da minha
geração teve iniciação sexual com um gay de São João que, por muitos anos,
exerceu sozinho sua opção sexual sem se importar com a sociedade puritana da
época. Será que esse fato fez com que esses moços e também esse senhor
deixassem de ser homens? Ora, me poupem!
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Danny Fitzpatrick, disponível em https://www.flickr.com/photos/55163751@N03/
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