quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O MELHOR LUGAR DO MUNDO É AQUI E AGORA


Como todo ser mortal que se preza e que, recentemente, acabou de se aposentar, querendo ou não começa aguçar aqueles pensamentos tão próprios de quem ficou 35 anos ralando ininterruptamente no trabalho. E, mesmo que ainda longe de querer, ou mesmo poder parar de vez, de imediato nos vem à mente aquela musiquinha do Zé Rodrix em que dizIA: “EU QUERO UMA CASA NO CAMPO ONDE EU POSSA COMPOR MUITOS ROQUES RURAIS...”

Começamos até a visualizar a possibilidade de estar nos doando em tempo integral ao Blog, curtindo aquilo de que mais gostamos de fazer, ou seja, ficar brincando de escritor, rabiscando aquele monte de bubiças, que, vez ou outra, nos vem à cabeça.

De poder dispor daquele tempinho para estar lendo as notícias do Fogão, sentado numa pracinha qualquer da cidade, preferencialmente à sombra de uma árvore. (Se bem que este ser vegetal está se tornando cada vez mais uma raridade!) ou mesmo de voltar a sair em rolé, de bicicleta lá pelas bandas daquela antiga estradinha de acesso a Roça Grande, sentindo aquele cheirinho de bosta de boi, escutando o silêncio e vendo o por do sol. (Escutar o silêncio foi ótimo!)

Retornar com aquelas peladinhas de futebol dominicais, ao lado de alguns amigos barrigudos, que, possivelmente, não estariam também jogando há quase trinta anos. E, se for novamente ali naquela quadra do Coronel, melhor ainda, pois ficamos praticamente debaixo do sino da igreja, a chamar os fiéis pra missa. (curto muito o dobrar de sinos).

Poder estar assistindo a um bom filme ou a algum programa (se estiver reprisando o Chaves ainda melhor) e tirar uma relaxante sonequinha depois do almoço.

Lembrei até de meu amigo das antigas jornadas, em que saíamos por alguma estrada de terra, carregando debaixo do braço aquele famoso transglobe, que, além de nos levar sempre a algum lugar tranquilo e engraçado, permitia também darmos aquela tostadinha na carcaça.  Isso pra não falar, é claro, de combinar com meu parceiro blogstafoguense e cumpadi Jorge Marin, algumas novas aventuras pelas montanhas e desafios na sinuca.

Ah! Já ia me esquecendo de reprogramar aquelas antigas visitas que fazia, vez ou outra, ao atelier do amigo Adauto Modas pra ficar escutando aquele monte de vinil arranhado. (Lembram dos The Mamas And The Papas?).

Poder tranquilamente tirar um dia somente pra cortar meu cabelo no salão do Zé Bicudo ao som dos boleros, tangos, instrumentais indianos, solos de flautas. Tudinho acompanhado de uma profunda e mística conversa descompromissada.

Pensei na possibilidade de voltar a frequentar com mais sossego o barzinho do amigo Ailton, onde, assiduamente, sentávamos nos finais de semana pra saborear sua inigualável porção de traíra acompanhada daquela meia dúzia de duas cervejas. (Acreditariam que já fiquei de pileque com isso?)

Como gran finale, aquela chegadinha básica na oficina do nosso amigo e tecladista Suveleno, pra lembrar o Pitomba e falar mal de nós mesmos.

Mas, num piscar de olhos, vi que meus devaneios se dissiparem como folhas ao vento. Tudo muda muito rapidamente e o passado não fica inerte a nossa espera. Alguns amigos se foram, lugares já não mais existem. Aí me lembrei daquela outra musica do Gilberto Gil em que diz: “O MELHOR LUGAR DO MUNDO É AQUI E AGORA” e que a grande magia é já estarmos vivendo com toda plenitude o próximo nascer do sol.

Como dizia Rubem Alves: A VIDA NÃO PODE SER ECONOMIZADA PARA AMANHÃ, ACONTECE SEMPRE NO PRESENTE.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

5 comentários:

  1. Ótima crônica. Parabéns!
    Quem sabe exista um vídeo-tape também para a vida?
    Darcio

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  2. Simplesmente sábio!

    Que difícil e produtiva união de palavras e atitudes que tão bem descrevem o amigo Serjão, que felizmente não pensa em se aposentar da filosofia e poesia da vida.

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  3. MARAVILHOSA CRÔNICA, como se o tempo tivesse parado, revivi passo por passo sua narrativa de tudo que vc. viveu.Parabéns !
    Edna Maria

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  4. Por um momento vivi tudo isso ... mesmo não estando la... Excelente texto...

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  5. Obrigado, gente. Essa crônica relata, fielmente, a filosofia do nosso BLOG. Por mais que tenhamos vivido coisas fantásticas no passado, o melhor tempo para ser feliz é AGORA.

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