quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

DETALHES PERDIDOS


Ainda hoje, passando pela cozinha da minha casa, tive a grata felicidade em perceber minha atenção despertada por um minúsculo fato que, simplesmente, era o de um aroma de leite fervido que exalava do velho fogão. 

Momento raro de observação, que me levou, naquele instante, a questionar sobre tantas coisas puras que nos passam despercebidas e que nossa já calejada sensibilidade não as notam mais. 

É interessante como algumas observações, para determinadas pessoas, podem ser fúteis e até cômicas, mas quão maravilhoso e significante é saber contemplar e cativar pequeninas coisas. 

O velho abraço apertado, o ato rotineiro de um simples aperto de mão, fascínio ao respirar o ar puro de uma manhã de céu azul envolvida em cerração, bate-papo na varanda, um olhar nos olhos, ou mesmo ser um pouco daquela criança das pipas e dos inocentes casos de assombração. 

Enfim, uma infinidade de sentimentos e pormenores do cotidiano, que o tempo quase sufocou, mas que ainda enraizados resistem fielmente.

Submergem, às vezes, por necessidade ou sobrevivência, mostrando-nos sempre, que a pressa que o tempo nos impõe e que a competição, muitas vezes, desenfreada, jamais será capaz de inibi-los. 

Indiferentes para alguns, sublimes e indispensáveis para outros, mas que, com certeza, ajudam, e muito, a nos aproximarmos da verdadeira felicidade. 

A vida, além de bela, tem como essência maior a extrema facilidade de ocultar toda sua beleza e mistérios, em infinitos detalhes e atos excepcionalmente singelos.

Foto e crônica (de maio/1996): Serjão Missiaggia

3 comentários:

  1. Através de um gesto simples, uma lição de de vida e sabedoria, não para que todos sigam ou aprendam, mas singela o bastante para provocar empatia, emoção e reflexão.

    Serjão, a verdadeira essência do zen é justamente essa: entrar em contato com o que há de mais íntimo em nosso ser, sem um discurso pomposo e imposto. Parabéns!

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  2. Simplicidade e sinceridade são ótimos caminhos para a felicidade!

    Saber perceber, valorizar e agradecer pelos detalhes que transformam nossa existência em algo melhor é uma ciência (ou arte), que pode ser um dom natural ou um hábito persistentemente lapidado, e rende imensos ganhos.

    Gostei muito da atitude e do texto!

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  3. Bela crônica.
    Quem não tem olhos para as simples e pequeninas coisas, jamais
    enxergará o milagre do GRANDE MISTÉRIO.

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