sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ATÉ TU... CANO?


Um amigo petista não cabe em si de contentamento e vem correndo, com um jornal na mão, cuja manchete informa a renúncia do ex-governador mineiro Eduardo Azeredo para não “chamuscar” uma possível candidatura tucana à Presidência da República.

- Toma! – diz ele – comprei pra você.  Está aberta a temporada de caça aos tucanos.

Tivesse eu uns quarenta anos menos, iria me divertir muito com a situação, e sairia pelo bairro com a foto do político (com uma cara de “cachorro que caiu da mudança”) mostrando pra todo mundo.

Se eu fizesse isso, certamente a frase que eu mais iria ouvir seria:
- Ainda bem que eu não votei nele!
Porque, na hora do camburão, ninguém vota: por exemplo, alguém aí votou no Collor?  Até hoje, não conheci UM ÚNICO daqueles 35.089.998 eleitores!

Deixei aquele jornal em cima da minha mesa de estudos e, francamente, não conseguir sentir alegria.  Depois da desbaratada petista e desta revoada tucana, comecei a pensar naquela famosa frase do Rei Pelé nos anos 70: “brasileiro não sabe votar”, na época um endosso aos governos militares.

Usando a lógica aristotélica, concluí: brasileiro não sabe votar; sou brasileiro; logo: NÃO SEI VOTAR! 

Votar, minha gente, é o mesmo que fazer suco de jabuticaba.  Eu, por exemplo, não tenho a menor ideia de como se faz um suco de jabuticaba.  Aí, o que é que eu faço?  Vou ao Google, copio a receita e, depois de aprendida, é só comprar as jabuticabas.  Mas, atenção...  Deixem as frutas num lugar seguro, ao abrigo dos ratos e das aves de rapina!  

Crônica: Jorge Marin
Foto: Fausto Troya, disponível em http://www.flickr.com/photos/faustotroya/

Um comentário:

  1. Não me interesso por política, mas sei que preciso mudar de atitude com relação a isso!

    Winston Churchill disse que “a democracia não é um sistema político perfeito, mas ninguém inventou nada melhor”. Concordo!

    Precisamos reclamar menos da política ruim e agir mais para termos uma política boa! Como fazer isso? Não sei com certeza!
    Talvez gastando mais tempo na Internet e jornais pesquisando a vida dos candidatos que pretendemos votar e, depois de votarmos neles, se eleitos, continuar gastando tempo mandando e-mails para o candidato ou seu partido, colocando mensagens nas redes sociais elogiando ou criticando suas ações.
    Talvez pressionando o governo a permitir menos partidos políticos, exigindo um número maior de filiados e uma proposta política bem clara com requisito para a existência de um partido. Assim, ao invés de partidos políticos nanicos e muitas vezes ridículos, teríamos, por exemplo, o partido dos trabalhadores, dos empresários, dos ecologistas, dos comunistas, do pessoal da direita linha dura, dos católicos, dos evangélicos, dos muçulmanos e por aí vai. Tudo bem definido e de fácil identificação ideológica para o eleitor. Ao invés de centenas de partidos que nada acrescentam e suas variações, teríamos alguns poucos partidos para escolher. Os candidatos que não se enquadrassem em nenhuma dessas legendas, se lançariam como candidatos sem partido, com as vantagens e desvantagens que isso oferece.
    Talvez com projetos sérios no Legislativo onde políticos desonestos, julgados e condenados por corrupção, fossem permanentemente proibidos de ocupar qualquer cargo na administração pública (municipal, estadual e federal), por voto ou indicação. Estes conservariam seu título de eleitor, com direito a votar, mas não poderiam mais ser votados ou ocupar cargos como ministro, secretário, assessor e por aí vai. Começaríamos assim uma limpeza gradual nas pessoas e ações dentro da política.

    Sei que enquanto continuar com minha participação política de forma superficial ou impulsiva, justificando-me com falta de tempo ou dificuldade de informação, serei cúmplice da baixa qualidade dos resultados políticos do nosso país.
    No século XXI temos mais formas de saber dos votos, projetos e orçamentos dos políticos. O descaso da população transforma a área pública em terreno abandonado, local onde ratos e cobras fazem seus ninhos e disputam território na caça de riqueza e poder.

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