sexta-feira, 15 de março de 2013

O SALTO DO OZIRES - V - FINAL



É... foi muito triste aquele momento.  Tinha absoluta certeza de que o reinado do Ozires nas piscinas sanjoanenses havia chegado ao fim.

Fim? Que fim que nada!

Quando menos esperávamos, eis que de repente, ELE reaparece e, surgindo do nada e passando pela nossa mesa igual a um RELÂMPAGO, foi em direção à piscina como um verdadeiro kamicase.

Numa incrível velocidade, esgueirando-se por entre pessoas e mesas até, triunfalmente, subir numa das bases de mergulho, e arremessar-se a uma altura de dar inveja a muito super- herói.  Um verdadeiro quebra pescoço, tal o grau de dificuldade!

Seu corpo quase pairando no ar, incrivelmente esguio à frente, num estilo todo inovador, parecia depositar num simples salto, toda reputação de NÚMERO UM do pedaço.

Acredito que esse mergulho estaria sendo guardado sob sete chaves, esperando somente o melhor momento para ser colocado em prática.

Na verdade, poucas pessoas presenciaram seu belo salto, mas o estrondo de sua queda na água foi tão grande, que assustou a todos que lá estavam.

Após reemergir das profundezas, ficou andando pela piscina e olhando a todos  em sua volta. E, desta forma, permaneceu por longo tempo, ou seja, com aquele ar de VITÓRIA e dever cumprido.

Imagino que poderia estar vivendo naquele momento a ilusão de estar ganhando nota máxima ou, simplesmente, uma calorosa salva de palmas, em reverência ao melhor de todos.

Mas... Que o salto foi bonito, isso foi!
        
Enfim, lá se vai, mais um dia de clube.

Como se não bastasse, no momento em que estávamos indo embora, ao olharmos para trás, lá estava ele sozinho dentro d’água, boiando no meio exato da piscina. Na verdade parecia estar querendo dizer a todos AQUI O REI SOU EU!  Pior que ainda ficava com as mãos na nuca como a que a descansar numa bela e aconchegante cama com seu travesseiro!
               
Na realidade, fico de certa forma a admirá-lo, pois, justamente por ignorar o que os outros irão pensar de si, o nosso eterno campeão vive a vida de forma plena, natural e egoísta, como um garotinho... birrento!

Bem ou mal, verdade seja dita: A PISCINA SEM O OZIRES NÃO SERIA A MESMA!

Crônica: Serjão Missiaggia

6 comentários:

  1. Este causo foi uma delícia!
    Uma saga curta e divertida sobre a graça e o inútil ridículo da vaidade humana, captada pelo olhar sensível e inteligência crítica do Serjão.
    A dinâmica foi tão bem narrada que, assim como outros leitores deste blog já comentaram, parecia que eu também estava ali, no reino aquático do Ozires, vendo tudo isso.
    Para melhorar, o nome dele é daqueles que combinam com frases de efeito, do tipo: "Ozires, o invencível", "Ozires, o imperador das águas" e por aí vai...
    O pessoal de Nepomuceno deveria se cotizar e construir uma estátua (obviamente em tamanho natural) do Ozires na área desta piscina, numa pose cuidadosamente estudada para mostrar seu domínio e direito sobre aquele espaço, com os dizeres: "Ozires, o garnizé desta piscina".
    Fica aqui minha sugestão para os pitombenses: imaginar a pose e os dizeres ideais para "a estátua de Ozires" (não estou falando que o nome do cara é ideal para frases de efeito!...)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sylvio, obrigado. Acho que o Ozires funcionou como um arquétipo. Afinal, em vários ambientes que frequentamos ou somos obrigados a frequentar, deparamo-nos com centenas de ozires, muitas vezes em posições de chefia e só mesmo o olhar do Serjão seria capaz de enxergar tanta fraqueza, tanto desamparo, mas, principalmente, tanta humanidade nesse indigitado herói.

      Excluir
  2. Não poderia deixar de registrar aqui: o Jorge mandou muito bem na imagem desta postagem: a criatura, cuja posição lembra um "frango d'água", transmite uma mistura de descontração e falta de noção, por ocupar o espaço que julga seu e não estar nem aí para a opinião alheia.
    A imagem e o texto se complementam de forma perfeita!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente, Sylvio, o frango d'água está sempre perto da água, pensa que voa muito bem (embora seja um desajeitado) e é uma galinha, mas pensa que é pato, alguns até cisne.

      Excluir
  3. Muito boa e divertida!.
    Pena que acabou. Acabou por quê? Vez ou outra escreva mais uma do Ozires, tá? Ele é ótimo.
    Mika

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mesmo tendo acabado, Mika, tenho certeza de que, esteja onde estiver, você, sempre que passar por uma piscina, vai dar uma olhadinha para ver se não tem um Ozires de plantão. E o pior é que pode até achar um!

      Excluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL