É... foi muito triste
aquele momento. Tinha absoluta certeza
de que o reinado do Ozires nas piscinas sanjoanenses havia chegado ao fim.
Fim? Que fim que nada!
Quando menos
esperávamos, eis que de repente, ELE reaparece e, surgindo do nada e passando
pela nossa mesa igual a um RELÂMPAGO, foi em direção à piscina como um
verdadeiro kamicase.
Numa incrível
velocidade, esgueirando-se por entre pessoas e mesas até, triunfalmente, subir
numa das bases de mergulho, e arremessar-se a uma altura de dar inveja a muito
super- herói. Um verdadeiro quebra
pescoço, tal o grau de dificuldade!
Seu corpo quase pairando
no ar, incrivelmente esguio à frente, num estilo todo inovador, parecia
depositar num simples salto, toda reputação de NÚMERO UM do pedaço.
Acredito que esse
mergulho estaria sendo guardado sob sete chaves, esperando somente o melhor
momento para ser colocado em prática.
Na verdade, poucas
pessoas presenciaram seu belo salto, mas o estrondo de sua queda na água foi
tão grande, que assustou a todos que lá estavam.
Após reemergir das
profundezas, ficou andando pela piscina e olhando a todos em sua volta. E, desta forma, permaneceu por
longo tempo, ou seja, com aquele ar de VITÓRIA e dever cumprido.
Imagino que poderia estar vivendo
naquele momento a ilusão de estar ganhando nota máxima ou, simplesmente, uma
calorosa salva de palmas, em reverência ao melhor de todos.
Mas... Que o salto foi bonito, isso
foi!
Enfim, lá se vai,
mais um dia de clube.
Como se não bastasse,
no momento em que estávamos indo embora, ao olharmos para trás, lá estava ele
sozinho dentro d’água, boiando no meio exato da piscina. Na verdade parecia
estar querendo dizer a todos AQUI O REI SOU EU!
Pior que ainda ficava com as mãos na nuca como a que a descansar numa
bela e aconchegante cama com seu travesseiro!
Na realidade, fico de
certa forma a admirá-lo, pois, justamente por ignorar o que os outros irão
pensar de si, o nosso eterno campeão vive a vida de forma plena, natural e
egoísta, como um garotinho... birrento!
Bem ou mal, verdade
seja dita: A PISCINA SEM O OZIRES NÃO SERIA A MESMA!
Crônica: Serjão
Missiaggia
Foto: Jericha,
disponível em http://browse.deviantart.com/art/Floating-59391811
.
Este causo foi uma delícia!
ResponderExcluirUma saga curta e divertida sobre a graça e o inútil ridículo da vaidade humana, captada pelo olhar sensível e inteligência crítica do Serjão.
A dinâmica foi tão bem narrada que, assim como outros leitores deste blog já comentaram, parecia que eu também estava ali, no reino aquático do Ozires, vendo tudo isso.
Para melhorar, o nome dele é daqueles que combinam com frases de efeito, do tipo: "Ozires, o invencível", "Ozires, o imperador das águas" e por aí vai...
O pessoal de Nepomuceno deveria se cotizar e construir uma estátua (obviamente em tamanho natural) do Ozires na área desta piscina, numa pose cuidadosamente estudada para mostrar seu domínio e direito sobre aquele espaço, com os dizeres: "Ozires, o garnizé desta piscina".
Fica aqui minha sugestão para os pitombenses: imaginar a pose e os dizeres ideais para "a estátua de Ozires" (não estou falando que o nome do cara é ideal para frases de efeito!...)
Sylvio, obrigado. Acho que o Ozires funcionou como um arquétipo. Afinal, em vários ambientes que frequentamos ou somos obrigados a frequentar, deparamo-nos com centenas de ozires, muitas vezes em posições de chefia e só mesmo o olhar do Serjão seria capaz de enxergar tanta fraqueza, tanto desamparo, mas, principalmente, tanta humanidade nesse indigitado herói.
ExcluirNão poderia deixar de registrar aqui: o Jorge mandou muito bem na imagem desta postagem: a criatura, cuja posição lembra um "frango d'água", transmite uma mistura de descontração e falta de noção, por ocupar o espaço que julga seu e não estar nem aí para a opinião alheia.
ResponderExcluirA imagem e o texto se complementam de forma perfeita!
Realmente, Sylvio, o frango d'água está sempre perto da água, pensa que voa muito bem (embora seja um desajeitado) e é uma galinha, mas pensa que é pato, alguns até cisne.
ExcluirMuito boa e divertida!.
ResponderExcluirPena que acabou. Acabou por quê? Vez ou outra escreva mais uma do Ozires, tá? Ele é ótimo.
Mika
Mesmo tendo acabado, Mika, tenho certeza de que, esteja onde estiver, você, sempre que passar por uma piscina, vai dar uma olhadinha para ver se não tem um Ozires de plantão. E o pior é que pode até achar um!
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