quarta-feira, 20 de março de 2013

O SEGREDO DA FELICIDADE



“Todos os seres desejam ser felizes e evitar os sofrimentos”, diz o Dalai Lama.

Indo, de manhã cedo, para a padaria, encontro um conhecido executivo: em trajes de jogging, vem caminhando, de forma saudável, pela manhã de um aparente outono.  De repente, toca um celular, e o atleta tira do short o inseparável aparelho e começa um ruidoso bate-papo.  Como estamos indo em direções contrárias, a última coisa que escuto é uma frase assim: “olha, se ele não mandar a TED, eu não vou poder encaminhar o pedido”...

Logo em frente, no passeio ao lado de uma loja de vestidos de noiva, dois homens dormem tranquilamente em caixas de papelão.  Um deles levanta a cabeça: “quantas horas, chefe?”.  Respondo que são oito horas e ele diz para o outro: “ainda é muito cedo”, e vira para o canto para continuar seu sono.

É compreensível que qualquer pessoa, a essa altura da postagem, iria imaginar que eu direi que aqueles dois mendigos sem-teto são felizes e que o executivo que atendeu o celular, não.

ERRADO!  Eu jamais faria apologia da miséria, ou da riqueza, como sinônimos de felicidade.  Entendo que a felicidade vem de dentro pra fora, enquanto essas materialidades que, faço questão de dizer, são ÓTIMAS, fazem o caminho inverso.

Mas, afinal de contas, o que é essa tal FELICIDADE?  Se eu casasse com a filha da minha lavadeira, diz Fernando Pessoa, talvez fosse feliz.  Se não casasse, talvez também fosse.  O fato é que ESTABELECER CONDIÇÕES para ser feliz, do tipo, quando eu ganhar na mega-sena, ou quando eu for nomeado diretor, ou quando eu casar com a Gisele, são, certamente, uma GARANTIA segura de infelicidade.

E por quê?  Primeiramente, para pegar o exemplo da Gisele, duas coisas vão acontecer: ou eu não vou casar NUNCA com a Gisele; e aí vou ser INFELIZ.  Ou eu vou casar com a Gisele mas, com menos de uma semana, vou descobrir que a Gisele não é NADA daquilo que eu imaginava; e aí vou ser INFELIZ.

Então, amigos, vamos recapitular que o Dalai Lama afirma que TODOS os seres desejam ser felizes.  No entanto, DESEJO em si não garante NADA!  O desejo de felicidade é uma referência, uma motivação para viver a vida, um convite à sabedoria.  Uma certeza de que multiplicar a felicidade, esta sim, pode ser uma meta de vida.

Por outro lado, sonhar com coisas que não desejamos ou, pior, obter coisas que desejamos baseados em estímulos externos, é transformar a felicidade em hipocrisia.  É falhar como pessoa e mentir para o espelho.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Rebecca A. Jones, disponível em http://browse.deviantart.com/art/happy-55911204 .

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