NA
SEMANA PASSADA, eu estava comentando sobre o meu gnorimopsar Tico, e nas exibições
que costumávamos fazer para a família.
Só que, na verdade, ele fazia qualquer coisa por um afago.
E,
por falar nisso, o cafuné era o carro-chefe de nossas apresentações. E como gostava de um chamego! Era somente se
aproximar dele que imediatamente abaixava a cabeça e, retorcendo a cabecinha,
parecia que iria dar um nó no pescoço. Preguiçoso nato, chegava a cochilar. Muitas vezes saíamos sorrateiramente e ele nem
percebia. E, dessa forma, ficava por um
bom tempo, até que algum barulho o despertasse. Geralmente esse carinho era permitido por ele somente
aos mais conhecidos.
O
danadinho era tão malandro, que, com as outras pessoas, ao posicionar pra receber
carinho, fingia dormir. Fechava apenas um
dos olhinhos e ficava de butuca. Ao
menor descuido ele, IIIINHECA... Por sinal, segundo relato das vitimas, doía
pra caramba!
Gostava
muito de comer boldo, principalmente quando, já bem velhinho, costumava dar uns
pirepaques. E não é que dava bons resultados?
Muito
inteligente, aprendeu sozinho a abrir as tramelas das janelas e da portinha de
sua morada. Depois, era somente empurrar
com a cabeça e se mandar pra dar umas fugidinhas.
Falando
em fugidinhas, imaginei em três oportunidades, que o teria perdido pra sempre.
Na
primeira vez, ficou um dia inteiro sumido. Ao entardecer, resolvi subir no telhado e
ficar chamando por ele. E que tamanha
foi minha alegria quando, repentinamente, ao aparecer, subiu em minha cabeça e
começou a catar caspas. E eu, mão nele!
Numa
segunda vez também, já imaginando que não mais voltaria, observei uma movimentação
estranha vinda em frente de uma casa próxima ao Renatinho Spindola.
Uma
multidão, olhando para o terraço da referida casa, ficava torcendo pra que alguém
conseguisse agarrar alguma coisa. Só
pode ser o Tico, pensei!
E
não deu outra... Mas, não conseguiam pegá-lo,
pois ele sempre contra-atacava e fugia. Aí,
sem mesmo pedir licença ao proprietário, subi correndo as escadas e fui em sua
direção. Ele, simplesmente, ao perceber
minha presença, abaixou de imediato a cabecinha e eu, mais que depressa, e pela
segunda vez, mão nele!
A
terceira fugida foi mais complicada e angustiante, pois, diferente das outras
vezes, ficou três dias sumido. Nesta
altura do campeonato, metade da cidade estava me ajudando encontrá-lo. Minhas esperanças já iam se esgotando e a tristeza
só aumentando. Nisso, eis que o Marcinho
Bolão, ao passar em frente de casa e me vendo na varanda gritou bem alto:
-
Serginho! Se eu fosse você dava uma chegadinha à casa de Sr. Fulano, ali na
inicio da Rua Nova e procure dar uma olhada no buraco do portão! Lá tem um bichinho parecido com Tico! Eu acho que é ele! Se eu fosse você, ia agora,
pois amanhã cedinho ele estará indo embora pro Rio de Janeiro! Eu estava brincando lá quando escutei o
pessoal comentar, concluiu ele.
Meu
coração disparou: meu Deus, com toda essa chuva, como é que eu vou fazer? Vai dar tempo? Leiam na próxima semana...
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto: Amber Kirby8food, disponível em http://kirby8food.deviantart.com/gallery/#/d2kbl1u
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