sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O GNORIMOPSAR CHOP III


NA SEMANA PASSADA, eu estava comentando sobre o meu gnorimopsar Tico, e nas exibições que costumávamos fazer para a família.  Só que, na verdade, ele fazia qualquer coisa por um afago.
E, por falar nisso, o cafuné era o carro-chefe de nossas apresentações.  E como gostava de um chamego! Era somente se aproximar dele que imediatamente abaixava a cabeça e, retorcendo a cabecinha, parecia que iria dar um nó no pescoço. Preguiçoso nato, chegava a cochilar.  Muitas vezes saíamos sorrateiramente e ele nem percebia.  E, dessa forma, ficava por um bom tempo, até que algum barulho o despertasse.  Geralmente esse carinho era permitido por ele somente aos mais conhecidos.
O danadinho era tão malandro, que, com as outras pessoas, ao posicionar pra receber carinho, fingia dormir.  Fechava apenas um dos olhinhos e ficava de butuca.  Ao menor descuido ele, IIIINHECA... Por sinal, segundo relato das vitimas, doía pra caramba!
Gostava muito de comer boldo, principalmente quando, já bem velhinho, costumava dar uns pirepaques.  E não é que dava bons resultados?
Muito inteligente, aprendeu sozinho a abrir as tramelas das janelas e da portinha de sua morada.  Depois, era somente empurrar com a cabeça e se mandar pra dar umas fugidinhas.
Falando em fugidinhas, imaginei em três oportunidades, que o teria perdido pra sempre.
Na primeira vez, ficou um dia inteiro sumido.  Ao entardecer, resolvi subir no telhado e ficar chamando por ele.  E que tamanha foi minha alegria quando, repentinamente, ao aparecer, subiu em minha cabeça e começou a catar caspas.  E eu, mão nele!
Numa segunda vez também, já imaginando que não mais voltaria, observei uma movimentação estranha vinda em frente de uma casa próxima ao Renatinho Spindola.
Uma multidão, olhando para o terraço da referida casa, ficava torcendo pra que alguém conseguisse agarrar alguma coisa.  Só pode ser o Tico, pensei!
E não deu outra...  Mas, não conseguiam pegá-lo, pois ele sempre contra-atacava e fugia.  Aí, sem mesmo pedir licença ao proprietário, subi correndo as escadas e fui em sua direção.  Ele, simplesmente, ao perceber minha presença, abaixou de imediato a cabecinha e eu, mais que depressa, e pela segunda vez, mão nele!
A terceira fugida foi mais complicada e angustiante, pois, diferente das outras vezes, ficou três dias sumido.  Nesta altura do campeonato, metade da cidade estava me ajudando encontrá-lo.  Minhas esperanças já iam se esgotando e a tristeza só aumentando.  Nisso, eis que o Marcinho Bolão, ao passar em frente de casa e me vendo na varanda gritou bem alto:
- Serginho! Se eu fosse você dava uma chegadinha à casa de Sr. Fulano, ali na inicio da Rua Nova e procure dar uma olhada no buraco do portão!  Lá tem um bichinho parecido com Tico!  Eu acho que é ele! Se eu fosse você, ia agora, pois amanhã cedinho ele estará indo embora pro Rio de Janeiro!  Eu estava brincando lá quando escutei o pessoal comentar, concluiu ele.
Meu coração disparou: meu Deus, com toda essa chuva, como é que eu vou fazer?  Vai dar tempo?  Leiam na próxima semana...

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Amber Kirby8food, disponível em http://kirby8food.deviantart.com/gallery/#/d2kbl1u

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