A Black
Friday chegou para mim ontem: eu não tinha entendido bem o que era mas, de uma
hora pra outra, minha TV queimou, fui até a cozinha e descobri que a geladeira
e o freezer não estavam gelando. Subi
para postar no blog e... as lâmpadas da minha estação de trabalho estavam
queimadas, as duas! Tocou o interfone e
uma vizinha, irada, me disse que a fechadura do portão não estava abrindo.
Pensamentos
se sucedem: então foi por isso que venderam tantos eletrodomésticos? Será que
tem que ser assim? Será que só acontece
comigo? Enquanto questiono, a vizinha
toca, de novo, o interfone. Mas, e o
medo de cair da escada? Para honrar
aquele polpudo salário de síndico de quase cento e cinquenta reais, resolvo me
arriscar. Encosto na parede e, dez
minutos depois, desço os três andares.
Não me
assusta o fato de ter que comprar coisas novas, nem de ficar sem geladeira e
freezer na véspera do Natal. O QUE ME
ASSUSTA DE VERDADE é só uma coisa: TER DE SER ATENDIDO PELO ATENDIMENTO AO
CONSUMIDOR! Meu Deus, melhor seria ter
nascido na Idade Média, acho que suportaria o tal do Torquemada, mas aquela
história de “disque 1 para isso, disque 2 para aquilo outro”, ou “um momento,
senhor; obrigado por aguardar, senhor”, isso me mata.
Quem lê
o Blog, sabe que não sou saudosista, mas, sou obrigado a dizer, antigamente
havia uma coisa que, para mim, é o bem mais PRECIOSO que um consumidor, ou
usuário do serviço pode ter, que é a PROXIMIDADE. Hoje, para contestar um débito da minha
operadora de telefone que, espertamente, permitiu que o meu smartphone se
conectasse à vontade só para me cobrar uma tarifa maior, sou obrigado a ligar
para algum lugar da Bahia, onde uma atendente sonolenta repete um script que
beira à psicose.
Há não
muito tempo, quando eu era menino em São João Nepomuceno, quem queria prestar
algum serviço ou vender produtos, desde médicos até mercados, primeiramente,
compravam um imóvel PRÓPRIO. Por
exemplo, todo mundo sabe onde ficava o consultório do Dr. Írio, do Dr.
Veroaldo, do Dr. Nagib e por aí vai.
Alguém tinha dúvidas de onde era A Brasileira, a Tipografia, ou a Casa
Leite?
Hoje, o
empresário, ou o prestador de serviço, aluga um imóvel, monta a loja, ou
consultório, através de arrendamento mercantil e terceiriza tudo, desde a moça
que serve o cafezinho até o vigilante e ascensorista. Então, quando você chega, a loja não pertence
ao dono, o dono raramente vai à loja, a pessoa que abre a porta para você não é
empregado da loja e você paga com um cartão e faz um crediário que também não
tem nada a ver com a loja.
Sei
que, face á modernidade, não há como ser diferente. Mas o que eu questiono é: como fazer para que
a pessoa que EFETIVAMENTE te atende, sinta alguma proximidade com você, já que
tudo ali é estrangeiro?
(continua)
Crônica:
Jorge Marin
Foto: disponível em: http://www.saiadolugar.com.br/marketing/balao-da-informatica-um-exemplo-de-falta-de-bom-atendimento/
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