sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O PIJAMA DO TIZECA - III



NA SEMANA PASSADA, não sei se vocês se lembram, o Tizeca se preparava para fazer um ritual dos mais inesquecíveis: O SEU CIGARRIN DE PAIA!
Esse era um momento mágico. Uma autêntica obra-prima que sempre aguardávamos. Somente o Tizeca sabia fazê-lo e era sem igual.
Assim, toda vez que levava a mão, vagarosamente, ao bolso esquerdo, eu já sabia que era chegada a hora que tanto esperava.
Dele, retirava, primeiramente, o rolo ou o saquinho de fumo já preparado. 
A seguir, após pegar os papelotes, começava então, carinhosamente, a fazer a montagem.
Com um canivete mais cego que tudo, num balançar incansável e hipnótico de pernas, levava, no mínimo, meia hora, até que raspasse o suficiente de que precisava.
Como sempre, uma metade do fumo se espalhava pelo chão, outra metade caía no seu colo e somente o que sobrava realmente iria para o papel.
E para separar um papelote do outro? Não havia saliva que bastasse!!!
Ficava a molhar o dedo na boca, pelo menos umas vinte vezes, até que, por fim, um deles se soltava.
E que tamanha calma para enrolar o cigarrinho!  Esse era um momento quase litúrgico, durante o qual dava tempo até pra se contar alguns CAUSOS. Mas... Tempo, isso é o que não faltava ao Tizeca!!!
No acabamento, uma sutil lambida fazia unir as partes para, assim, prenunciar o tão esperado e perigoso momento.
Levando a mão, vagarosamente, do bolso direito puxava um pequeno isqueiro, que mais parecia um lampião.
E prá fazer aquele artefato do século dezenove funcionar? Só com muita coragem e paciência!!!
Mas, enfim, com os devidos cuidados, após tombar a cabeça de lado, atiçava aquele labaredão de fogo no papel.
O cigarro, mais parecendo um jornal em chamas, começava a se incendiar, deixando a varanda toda enfumaçada.
Enquanto isto: conversa ia... conversa voltava e... o cigarro na boca, já todo molhado, logo se apagaria e era esquecido.
NA PRÓXIMA SEMANA, no último capítulo, preparem-se para o JOGO DE ESCOPA!  Eu já estou com o Sete Belo na mão.  Aguardem...

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Razvan & Alexandra, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?q=old+man+cigarette&offset=168#/d2jt6j6

2 comentários:

  1. Serjão,será que o isqueiro que o Tizeca possuía era da marca Vospic ?

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  2. Nilson,
    É impressionante a sua memória, pois, naquele tempo, o isqueiro bala Vospic era uma unanimidade. Não havia nenhum fumante, e eram muitos, que não usava o velho Vospic. O meu pai ainda passava Brasso que fazia com que o latão ficasse brilhante!

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