NA SEMANA
PASSADA, não sei se vocês se lembram, o Tizeca se preparava para fazer um
ritual dos mais inesquecíveis: O SEU CIGARRIN DE PAIA!
Esse era
um momento mágico. Uma autêntica obra-prima que sempre aguardávamos. Somente o
Tizeca sabia fazê-lo e era sem igual.
Assim,
toda vez que levava a mão, vagarosamente, ao bolso esquerdo, eu já sabia que
era chegada a hora que tanto esperava.
Dele,
retirava, primeiramente, o rolo ou o saquinho de fumo já preparado.
A seguir,
após pegar os papelotes, começava então, carinhosamente, a fazer a montagem.
Com um
canivete mais cego que tudo, num balançar incansável e hipnótico de pernas, levava,
no mínimo, meia hora, até que raspasse o suficiente de que precisava.
Como
sempre, uma metade do fumo se espalhava pelo chão, outra metade caía no seu
colo e somente o que sobrava realmente iria para o papel.
E para
separar um papelote do outro? Não havia saliva que bastasse!!!
Ficava a
molhar o dedo na boca, pelo menos umas vinte vezes, até que, por fim, um deles
se soltava.
E que
tamanha calma para enrolar o cigarrinho!
Esse era um momento quase litúrgico, durante o qual dava tempo até pra
se contar alguns CAUSOS. Mas... Tempo, isso é o que não faltava ao Tizeca!!!
No
acabamento, uma sutil lambida fazia unir as partes para, assim, prenunciar o
tão esperado e perigoso momento.
Levando a
mão, vagarosamente, do bolso direito puxava um pequeno isqueiro, que mais
parecia um lampião.
E prá
fazer aquele artefato do século dezenove funcionar? Só com muita coragem e
paciência!!!
Mas,
enfim, com os devidos cuidados, após tombar a cabeça de lado, atiçava aquele
labaredão de fogo no papel.
O
cigarro, mais parecendo um jornal em chamas, começava a se incendiar, deixando
a varanda toda enfumaçada.
Enquanto
isto: conversa ia... conversa voltava e... o cigarro na boca, já todo molhado,
logo se apagaria e era esquecido.
NA
PRÓXIMA SEMANA, no último capítulo, preparem-se para o JOGO DE ESCOPA! Eu já estou com o Sete Belo na mão. Aguardem...
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto: Razvan
& Alexandra, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?q=old+man+cigarette&offset=168#/d2jt6j6
Serjão,será que o isqueiro que o Tizeca possuía era da marca Vospic ?
ResponderExcluirNilson,
ResponderExcluirÉ impressionante a sua memória, pois, naquele tempo, o isqueiro bala Vospic era uma unanimidade. Não havia nenhum fumante, e eram muitos, que não usava o velho Vospic. O meu pai ainda passava Brasso que fazia com que o latão ficasse brilhante!