Mulher é
um bicho terrível!
Dizem que
o Buda, logo após a sua iluminação, foi procurado por sua madrasta Prajapati
que lhe pediu para ser ordenada monja. Buda, apesar de iluminado, não foi capaz
de superar a cultura e os costumes da época e lembrou à sua segunda mãe (pois
foi ela que o criou) que, pela lei, mulheres eram tão impuras que só poderiam
ser tocadas com a mão esquerda, a mão do mal.
Vejam bem
que um ser iluminado foi capaz de discriminar uma mulher, como a maioria das
pessoas faziam, e ainda fazem, por causa de uma tradição, ou uma maldição,
presente em todas as literaturas, desde a bíblia até os manuais de empresas
modernas, onde a mulher é sempre tratada, ou como uma ameaça à ordem, ou, na
melhor das hipóteses, como lixo.
Antes de
prosseguir com o meu raciocínio, quero deixar registrado que, após muita
pressão, Prajapati foi ordenada monja, e Buda reconheceu a sua mancada, o que
só engradece a sua personalidade.
Voltando
ao nosso tempo, particularmente às festividades do réveillon, vejo que as
autoridades de Berlim resolveram adotar uma postura curiosa para evitar
estupros, como os que supostamente ocorreram nas festas de final de ano em 2016
na cidade de Frankfurt. Com o objetivo de proteger as mulheres, os berlinenses
criaram uma “zona livre”, local de livre de homens, onde todas as cidadãs que
se sentissem assediadas durante a festa pudessem se “refugiar”.
Pessoalmente,
acho isso superofensivo para as mulheres. Entendo mesmo que é um retrocesso.
Criar um local livre de homens para proteger as mulheres equivale dizer que
elas são (continuam sendo) umas coitadinhas que precisam ser protegidas,
inclusive pelo pessoal da Cruz Vermelha, dos homens, os dumal.
Mulheres
têm sido massacradas e humilhadas há milênios. Pelos homens, por religiosos,
por políticos, por soldados, por outras mulheres. Mas me parece que a reparação
desses crimes NÃO passa por mais proteção ou por uma vingança contra os homens.
O que
fazer então? Um primeiro passo pôde ser visto no dia primeiro de janeiro, por
exemplo, quando a Islândia colocou uma nova lei, aprovada em junho de 2017, que
obriga as empresas a obterem um certificado que COMPROVE que elas pagam
salários iguais a homens e mulheres que exercem a mesma função.
Achei
isso muito bom. Essa é a minha noção de feminismo. Que sejam dadas as mulheres
as mesmas oportunidades, e recompensas, que são dadas aos homens. E que elas
possam mostrar, pela sua força, dedicação e competência, que são iguais a nós
homens, e, em grande parte de atividades, nos colocam no chinelo.
Da minha
parte, quero ver as mulheres brilhando, mas, no réveillon, quero botar a minha
mão esquerda em uma delas, e, se ela deixar, também a direita e o corpo
inteiro, e dançarmos juntos: Vai, Malandra!!!
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://vanessaflorence.com/wild-womancrop/
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