sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

LULA, EMPRESÁRIOS E JUMENTOS


Terminado o julgamento da apelação do ex-presidente Lula, só uma certeza aparece: não tem nada certo. Quem achava que ele era inocente, continua achando. Quem não tinha certeza e queria ver, como Tomé, as provas conclusivas da sua culpabilidade, não viu. E quem achava que o político era culpado, continua achando e, mesmo que ele seja inocentado em instâncias superiores, vai continuar achando que ele é um larápio.

Dito isso, vou passar a um outro assunto, que é uma notícia divulgada na segunda-feira passada segundo a qual os cinco bilionários brasileiros (sim, temos bilionários!) concentram um patrimônio que É IGUAL à renda da metade mais pobre da população brasileira. E, o que é mais impressionante, desses cinco, três são de um mesmo grupo financeiro. Algo como se eu, o Serjão e o Sílvio Picorone, que somos amigos de longa data, possuíssemos, junto com outras duas pessoas, uma fortuna igual a 104 milhões de brasileiros. Já pensaram?

Mas será que, nesse esquema, o pessoal aqui da parte de baixo da pirâmide financeira-alimentar não vai ter vez? Tem sim. Segundo a organização britânica Oxfam, que fez a pesquisa, se um brasileiro pobre trabalhar ININTERRUPTAMENTE por 19 ANOS, conseguirá obter a renda MENSAL de UM dos membros do clubinho dos bilionários. Como a proposta da nova lei da previdência prevê aposentadoria aos 65 anos, a gente pode supor que, se um trabalhador poupar TODO o seu salário, pode chegar no final da vida com o equivalente a três meses do salário do dono da Ambev. Não é uma coisa ótima???

Meu pai tinha muito respeito pelos empresários. E eu, lógico, também tenho. O meu pai, que nasceu no distrito de São José dos Cabritos, me conta a história de um grupo de empresários que apareceu naquelas roças para fazer uma pesquisa com jumentos.

Naquele tempo, em que só existiam estradas de chão, o transporte para São João era todo feito em lombo de burros. Mas os tais empresários chegaram à conclusão que a capacidade de carga dos animais estava sendo muito mal explorada: os moradores, muito jecas, ficavam com pena de sobrecarregar os bichos. Mas os empresários, mais sabidos, fizeram o seguinte: passaram a carregar os jumentos, que levavam normalmente uns 50 quilos, com um peso de 100. Eles aguentaram. E assim foram aumentando gradativamente a carga até que, ao atingir 220 quilos, o jumento abriu as pernas e arriou. O que fizeram os empresários? Mandaram sacrificar o mamífero e adotaram o peso de 210 quilos como bênchimarqui, que é o nome que deram para a carga máxima suportável.

Finalmente, quero deixar registrado que nada tenho contra os jumentos: eles são facilmente alimentados, quase não bebem água, são resistentes (não no sentido de reagirem aos maus tratos, mas sim no de suportar cargas), além de fáceis e baratos de criar.

Crônica: Jorge Marin

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