Terminado
o julgamento da apelação do ex-presidente Lula, só uma certeza aparece: não tem
nada certo. Quem achava que ele era inocente, continua achando. Quem não tinha
certeza e queria ver, como Tomé, as provas conclusivas da sua culpabilidade,
não viu. E quem achava que o político era culpado, continua achando e, mesmo
que ele seja inocentado em instâncias superiores, vai continuar achando que ele
é um larápio.
Dito
isso, vou passar a um outro assunto, que é uma notícia divulgada na segunda-feira
passada segundo a qual os cinco bilionários brasileiros (sim, temos
bilionários!) concentram um patrimônio que É IGUAL à renda da metade mais pobre
da população brasileira. E, o que é mais impressionante, desses cinco, três são
de um mesmo grupo financeiro. Algo como se eu, o Serjão e o Sílvio Picorone,
que somos amigos de longa data, possuíssemos, junto com outras duas pessoas,
uma fortuna igual a 104 milhões de brasileiros. Já pensaram?
Mas será
que, nesse esquema, o pessoal aqui da parte de baixo da pirâmide financeira-alimentar
não vai ter vez? Tem sim. Segundo a organização britânica Oxfam, que fez a
pesquisa, se um brasileiro pobre trabalhar ININTERRUPTAMENTE por 19 ANOS,
conseguirá obter a renda MENSAL de UM dos membros do clubinho dos bilionários. Como
a proposta da nova lei da previdência prevê aposentadoria aos 65 anos, a gente
pode supor que, se um trabalhador poupar TODO o seu salário, pode chegar no
final da vida com o equivalente a três meses do salário do dono da Ambev. Não é
uma coisa ótima???
Meu pai
tinha muito respeito pelos empresários. E eu, lógico, também tenho. O meu pai,
que nasceu no distrito de São José dos Cabritos, me conta a história de um
grupo de empresários que apareceu naquelas roças para fazer uma pesquisa com
jumentos.
Naquele
tempo, em que só existiam estradas de chão, o transporte para São João era todo
feito em lombo de burros. Mas os tais empresários chegaram à conclusão que a
capacidade de carga dos animais estava sendo muito mal explorada: os moradores,
muito jecas, ficavam com pena de sobrecarregar os bichos. Mas os empresários,
mais sabidos, fizeram o seguinte: passaram a carregar os jumentos, que levavam
normalmente uns 50 quilos, com um peso de 100. Eles aguentaram. E assim foram
aumentando gradativamente a carga até que, ao atingir 220 quilos, o jumento
abriu as pernas e arriou. O que fizeram os empresários? Mandaram sacrificar o
mamífero e adotaram o peso de 210 quilos como bênchimarqui, que é o nome que deram
para a carga máxima suportável.
Finalmente,
quero deixar registrado que nada tenho contra os jumentos: eles são facilmente
alimentados, quase não bebem água, são resistentes (não no sentido de reagirem
aos maus tratos, mas sim no de suportar cargas), além de fáceis e baratos de
criar.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em https://www.anda.jor.br/2016/02/jumentos-nordestinos-a-solucao-final/
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