Uma amiga
me fala uma coisa horrorosa: de vez em quando, diz ela, eu sinto um ódio tão
grande dentro de mim. É uma coisa que eu reprimo com todas as minhas forças.
Depois, me sinto uma criatura muito horrível.
Fico
pensando no que responder e acabo falando uma verdade que acaba me incomodando,
mas é uma verdade.
Quem de
nós não sente ódio? Uns irão dizer: não, eu não sinto. Eu oro, e coisa e tal.
Mentira!
Por que
será que é tão difícil, pra nós, assumir a nossa natureza humana, quer dizer, a
VERDADEIRA natureza humana. Claro, desde novos, somos treinados a esconder as
nossas sujeirinhas, mesmo as mais escondidas.
E não se
trata de sair por aí declarando o ódio por todos, exibindo cocô, essas coisas.
Mas, o que eu quero dizer, para tranquilizar a minha amiga, e acho que a mim
também é o seguinte: você não tem que sair por aí, exibindo sua intimidade. No
entanto, negar pra você que você sente o que sente é meio que tentar trapacear
com o espelho.
Temos
essa mania, ou hábito, ou herança cultural (sei lá) de dividir as pessoas em
boazinhas e mazinhas. Se o sujeito, ou a sujeita, odeia, então é do mal, e se ama
é do bem (aí posta no Face um monte de corações). Vocês já viram alguém postar
no Face que odeia? Ou que deseja a morte de um inimigo? Muito
difícil
Ora,
pessoas, se a amiga odeia é porque ela é... gente. E se ela ama também é porque
ela é gente. Gente ama e odeia. Ri e chora. É capaz da mais sublime gentileza e
da mais torpe mesquinhez. Somos assim.
E é
porque não assumimos os nossos ódios, nossos medos, nossa mesquinhez, nossos
pensamentos sujos é que nos sentimos no direito de ficar, O TEMPO TODO,
julgando os outros e criticando. Quando reconhecemos, no OUTRO, aquilo do qual
temos vergonha de sentir, aí iniciamos uma lição de moral que não tem mais fim.
Hipocrisia
pura! Lembram daquele versículo de Mateus que diz “tira primeiro a trave do teu
olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho do teu irmão”?
Pois é a mais pura verdade!
Hoje em
dia, como não temos mais paciência para debater com os outros, quando estamos “perdendo”
uma discussão, o que fazemos? Procuramos um jeito eficaz de calar o outro. Não
suportamos mais o diálogo, principalmente quando o outro não pensa como nós. E
o jeito mais eficaz de calar o outro é, justamente, denunciar NELE alguma coisa
que detestamos em nós.
Pensem
nisso, pessoal! Mas, se não quiserem pensar, não pensem.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://www.jesushoje.com/odiar-o-pecado-e-nao-o-pecador/
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