sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

APRENDENDO A ODIAR


Uma amiga me fala uma coisa horrorosa: de vez em quando, diz ela, eu sinto um ódio tão grande dentro de mim. É uma coisa que eu reprimo com todas as minhas forças. Depois, me sinto uma criatura muito horrível.

Fico pensando no que responder e acabo falando uma verdade que acaba me incomodando, mas é uma verdade.

Quem de nós não sente ódio? Uns irão dizer: não, eu não sinto. Eu oro, e coisa e tal.

Mentira!

Por que será que é tão difícil, pra nós, assumir a nossa natureza humana, quer dizer, a VERDADEIRA natureza humana. Claro, desde novos, somos treinados a esconder as nossas sujeirinhas, mesmo as mais escondidas.

E não se trata de sair por aí declarando o ódio por todos, exibindo cocô, essas coisas. Mas, o que eu quero dizer, para tranquilizar a minha amiga, e acho que a mim também é o seguinte: você não tem que sair por aí, exibindo sua intimidade. No entanto, negar pra você que você sente o que sente é meio que tentar trapacear com o espelho.

Temos essa mania, ou hábito, ou herança cultural (sei lá) de dividir as pessoas em boazinhas e mazinhas. Se o sujeito, ou a sujeita, odeia, então é do mal, e se ama é do bem (aí posta no Face um monte de corações). Vocês já viram alguém postar no Face que odeia? Ou que deseja a morte de um inimigo? Muito difícil

Ora, pessoas, se a amiga odeia é porque ela é... gente. E se ela ama também é porque ela é gente. Gente ama e odeia. Ri e chora. É capaz da mais sublime gentileza e da mais torpe mesquinhez. Somos assim.

E é porque não assumimos os nossos ódios, nossos medos, nossa mesquinhez, nossos pensamentos sujos é que nos sentimos no direito de ficar, O TEMPO TODO, julgando os outros e criticando. Quando reconhecemos, no OUTRO, aquilo do qual temos vergonha de sentir, aí iniciamos uma lição de moral que não tem mais fim.

Hipocrisia pura! Lembram daquele versículo de Mateus que diz “tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho do teu irmão”? Pois é a mais pura verdade!

Hoje em dia, como não temos mais paciência para debater com os outros, quando estamos “perdendo” uma discussão, o que fazemos? Procuramos um jeito eficaz de calar o outro. Não suportamos mais o diálogo, principalmente quando o outro não pensa como nós. E o jeito mais eficaz de calar o outro é, justamente, denunciar NELE alguma coisa que detestamos em nós.

Pensem nisso, pessoal! Mas, se não quiserem pensar, não pensem.

Crônica: Jorge Marin

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