Não resisti em fazer novamente esta postagem, após deparar-me na
internet com a imagem da Padaria do Debrando. Na oportunidade, chamo a atenção
para a atraente decoração de Natal.
TRADIÇÃO
TAMBÉM É CULTURA
Dia desses, enquanto andava distraidamente pela rua, um motorista parou
seu caminhão ao meu lado e perguntou se estaria muito longe de certa
farmácia. Mais que depressa, talvez na ânsia de querer livrá-lo de um
engarrafamento que teria provocado ao parar naquele local, fui logo tascando: “É
ali na RUA DA PADARIA DO DEBRANDO”. Padaria de quem? - retrucou de cima da
carroceria, seu ajudante. Somente aí fui atinar que, além do veículo nem ser de
São João, aquele meu tradicional dialeto, com certeza, veio a piorar ainda mais
a situação.
Consertei o erro e, após indicar o local de maneira mais racional,
fiquei pensando nessa coisa tão interiorana que é a mania de ficar apelidando
lugares. Por sinal, fato que vai atravessando décadas e décadas, e que não sai
de nosso inconsciente. Meu pai mesmo já falava muito na RUA DOS VELHOS,
mas confesso agora não me lembrar onde seria.
No intuito de escutar uma serenata, por muitas vezes, minha namorada que
residia na RUA DO BURACO ia dormir na casa de uma amiga que morava na RUA DO
DESCOBERTO, ali bem próximo à RAMPA. Gostávamos muito também de sair pela noite
com violões pra tocar numa casa ali no BECO DAS FLORES, outra na RUA DO SAPO, e
mais uma lá pelas bandas do JUJUBA.
Era bastante desconfortável ter que encarar, já no final da madrugada, o
BECO DOS RANA e a RUA ATRÁS DA FÁBRICA, sendo que uma casa localizada no MORRO
DO MACHADINHO e outra no MORRO DO GINÁSIO sempre eram esquecidas devido ao
cansaço. Por sinal, é nome de MORRO que não acaba mais, ou seja: MORRO do
Hospital, MORRO da Matriz, MORRO São José, e por aí vai.
Naquela época, tínhamos o costume de ir à roça passando pelo BECO DO GÁS
seguindo pela RUA DA MINA para, após descer o MORRO DO MARIMBONDO, chegar até a
fazenda. Certa vez, optamos em passar pelo PONTILHÃO.
Existiam os famosos passeios noturnos entre amigos, chamados de
quarteirão, que, geralmente, começavam na RUA DO SARMENTO e se prolongavam pela
RUA DA PADARIA DO DEBRANDO, passando pela RUA DOS PATINHOS, RUA DO GRUPO VELHO
ou do MEIO até a Sinuca do Cida, quando não até o MURINHO DO ADIL.
Falando em Padaria, havia pessoas que tinham preferência ao pão da PADARIA DO
DEBLANDO àquele das PADARIAS DO MANEZINHO, POPÓ e do CRUZ e vice-versa.
Na infância, tive um coleguinha que morava na RUA DO CHIQUEIRO e outro
NA SUBIDA DA MANGUEIRA, coincidentemente próximos à RUA NOVA. Já na juventude,
passei inesquecíveis momentos numa casa ali na RUA DO TOTÓ, sendo que, neste
lugar, veio a nascer posteriormente o Pitomba.
Quem sabe, em homenagem aos nossos anteparados, não mantivéssemos viva
essa TRADIÇÃO, tombando de alguma forma esses nomes ou, simplesmente,
incorporando em algumas placas da cidade, o NOME da rua juntamente com seu
APELIDO? Pesquisar seus cognomes também seria algo bastante interessante.
Por sinal, alguém saberia informar a origem do apelido CURRAL DO SALU, BECO DAS
FLORES e onde seria a RUA DO BANHEIRO?
No mais, vejo tudo isso também como forma de expressão cultural de um
povo.
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto : Garbosa na Rede
Show este post!!!!
ResponderExcluirObrigado por comentar, Heloísio!
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