sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

UM NATAL SEM ILUSÕES


Vendo as pessoas passarem com suas compras de natal em sacolas coloridas, fico aqui pensando...

Tem muita gente que ama nesse mundo. Mas também tem muita gente que odeia. E o pior é que, quando a gente para pra pensar, tem mais ódio do que amor. Vejam só: quem odeia, odeia mesmo, e pronto! Mas, quem ama, às vezes, odeia. Pode até não falar, mas odeia.

Aí chega o natal e, de repente, todo mundo se ama. Não é verdade. O que ocorre é que, por algum tipo de imposição, seja social, ou religiosa, ou culpa, as pessoas resolvem cumprir esse ritual de mostrar PARA OS OUTROS, como são boas, como não guardam rancor, como são superiores. Mentiiiira...

Acho que, com o passar dos anos, venho me tornando menos paciente com essa obrigatoriedade de cumprir protocolos, ir a compromissos por obrigação e fingir sorriso “pra não pegar mal”.

Com isso, não estou defendendo um boicote ao natal. Acho essa data uma época linda, carregada de uma simbologia inigualável. Afinal, não é todo dia que o filho de Deus vem à terra. Mesmo que marcado para morrer.

E é exatamente nesse paradoxo que reside a maior riqueza do natal. Pensem bem: se Deus, esse ente todo-poderoso, resolve mandar para nosso planeta o seu filho, é uma baita honra. Mas se, além disso, ele sabe o que é que nós iríamos fazer com o filho (e ele, por ser onisciente, sabe), e, ainda assim, mandou o menino, é porque ele quer passar um recado.

A mensagem, se é que há, é a seguinte: aos olhos de Deus, nascimento e morte não querem dizer grande coisa. São apenas ocorrências dentro de um processo contínuo de nascimentos e mortes que faz com que todas as coisas sejam... até que não sejam. Simples assim.

Então, neste natal, não vou dar conselho nenhum pra ninguém. Mas, eu aqui vou fazer o seguinte: vou correr para as pessoas que eu amo, e vou dizer, com toda a força do mundo, que eu as amo. Para as pessoas que eu odeio, eu não vou dizer nada, pois não gosto de conversar com quem eu não gosto.

E, para todos os leitores, de quem eu gosto pra caramba, desejo um natal leve, sem obrigatoriedade de subir num palco para representar um papel. Desejo um natal-passarinho, brincalhão, feliz, animado e colorido. Com asas.

(Homenagem ao meu pai, Irenio, que, se estivesse aqui, estaria completando 95 anos hoje).

Crônica: Jorge Marin

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