quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

CONHECENDO O PASSADO E ENTENDENDO O PRESENTE


Dando uma passada de olho na revista NOVA ESCOLA de setembro de 2014, uma matéria escrita por Daniele Pechi (novascola@fvc.org.br), intitulada “MINHA CIDADE TEM MUITO O QUE CONTAR”, chamou minha atenção. Trocando em miúdos, a referida matéria falava sobre um projeto didático que foi desenvolvido por Rachel de Lima, Priscila Garcia e Izis Macias, professoras da classe de 4º ano em Londrina, tendo como objetivo o conhecimento do passado, discutindo seu presente, vinculando noções de patrimônio e também as questões humanas e culturais na construção da identidade de um povo.

Estudar o local a que pertencem e os hábitos de sua população, ajudando os estudantes a compreenderem que eles fazem parte também da história. Toda cidade tem muito o que contar, e, em Londrina, as crianças estudaram o passado e o presente da Rua Sergipe, patrimônio local. O objetivo era que a turma conhecesse o passado da via e discutisse sobre seu presente, abordando diversos aspectos, não somente arquitetônicos como também, humanos e culturais.

Foram feitas visitas a locais significativos e entrevistas com familiares mais velhos. Estudaram-se fotos, objetos, livros, jornais do passado e visitas aos antigos comércios, inclusive observando fachadas originais, se ainda existirem.

Aí, fiquei a lamentar pelos muitos que nunca ouviram falar que nossa cidade já foi um dia servida por uma linha férrea, que cruzava algumas ruas centrais, onde os famosos trolinhos deslocavam-se em pequenos trilhos até a interior da Cooperativa de Leite e da Fábrica de Tecidos, para o escoamento de seus produtos. Que, naquela mesma fábrica, existia uma sirene que apitava às cinco da matina para chamar seus operários, sendo que, em seu quadro de funcionários, já constaram mais de mil e quinhentas pessoas.
                                               
Interessante que, ainda hoje, muitos ficam pasmos ao saberem que, ali no largo da matriz, num passado não muito distante, existiu um significativo e bem estruturado observatório astronômico de nome OBSERVATÓRIO COPÉRNICO, que, entre umas e outras coisas, teria fotografado em 1974 o cometa KOHOUTEK, fato este que teria sido divulgado em muitos jornais do Brasil, pois, segundo consta, foi talvez o único observatório a conseguir uma boa foto, pois, ao contrário do restante do país que ficou inteiramente nublado, aqui o céu ficou aberto um bom tempo.

Apenas ali no pequeno circuito que abrange a Rua Coronel José Dutra, existiam inesquecíveis lojas comerciais, como CASA LEITE (com seu memorável QUEIMA), O GURI, A BRASILEIRA, a CASA MATOS e a TIPOGRAFIA (com seu famoso mural de avisos conhecido por décadas como A PEDRA DA TIPOGRAFIA), sem falar nos estabelecimentos menores cujos nomes se confundiam com o dos proprietários: compra isso lá no NICOLINO, ou no NICOLAU, na farmácia do BATISTA, ou na charmosa lojinha da APARECIDA LADEIRA (A Caçula).

A referida rua, conhecida pelos mais antigos como Rua do Sarmento, era palco dos famosos vai e vens de fim de semana, dos memoráveis desfiles civis e militares, das escolas de samba, batalhas de confetes, dos expressivos e românticos bares noturnos, além de um respeitável salão de jogos.

Acredito que muitos jovens não sabem que a cidade chegou a possuir dois cinemas de nome Cine Brasil e Cine Rádio, sendo que o prédio deste primeiro é o nosso atual Centro Cultural. 
Mesmo que um pouco mais recente, nunca é demais estar sempre lembrando nosso inesquecível educandário de nome Instituto Barroso (com sua famosa fanfarra), dirigido pelo nosso saudoso e eterno mestre Ubi Barroso Silva, o Sôbi.

Tivemos inúmeras indústrias, como a fábrica de macarrão, vassouras, tampinhas, ferraduras, calçados Sylder, Scala e Dragão, sendo que esta última funcionava ali onde está sendo construído um belo e moderno shopping.

Entre os salões de jogos, podemos citar o mais famoso deles que era a Sinuca do Cida onde funciona hoje o restaurante Salu. Entre os hotéis, o Grande Hotel (hoje Comunidade Cristã Evangélica), Hotel Monte Castelo ali na Praça Rio Branco e Hotel Aprígio.  

Havia também românticos e bem montados restaurantes, como o Bar Dia e Noite (na Rua Coronel José Dutra, hoje uma grande loja de eletrodomésticos), o Bar do Floriano (também no Calçadão, hoje Curso Apoio), o Bar São Jorge e a Padaria do Cruz na Praça Carlos Alves. E, para aqueles jovens amantes do futebol, e do carnaval, sugiro não deixarem de pesquisar as histórias daqueles memoráveis e acirrados clássicos entre MANGUEIRA e BOTAFOGO e dos confrontos carnavalescos nos desfiles de TROMBETEIROS e DEMOCRÁTICOS.


Enfim, quantas e ricas histórias somente ali na RUA DO SARMENTO, hoje conhecida pelos mais jovens apenas por Calçadão... 

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook

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