Foi
espiando os relevantes comentários em uma de nossas fotos no facebook, que um
deles em especial, da Nely Gonçalves, veio a chamar nossa atenção: “CADA FOTO
DO PITOMBA É UMA PITOMBADA NO CORAÇÃO DA GENTE”.
Aí
resolvemos, pra terminar o ano em alto astral, postar novamente esta divertida
croniqueta em homenagem à nossa madrinha. Iremos relembrar um fato, não muito
comum, que aconteceu certa vez quando fomos visitá-la no hospital.
NELY PONTOS COM
Essa
visita, um tanto inusitada, que teria sido para, entre umas e outras, pedir a
ela a bateria emprestada, deu-se em circunstância de uma das vezes em que o
Pitomba se preparava pra fazer um baile no terraço da casa do primo Dantinho e,
para variar, estava sem o referido instrumento. Coincidentemente, naquele mesmo
final de semana, todas as baterias que poderiam ser nossas possíveis vitimas,
estariam sendo usadas por seus respectivos donos, restando apenas a do conjunto
“Os Cobrinhas” do qual Nely era proprietária.
Porém,
tal tarefa não seria assim tão fácil, pois, além de nossa amizade com a Nely
estar ainda no comecinho, teríamos que cumprir a difícil missão de ir até o
hospital para fazer o pedido. Na verdade, para nosso total desespero, ela havia
se submetido recentemente a uma cirurgia e encontrava-se internada há vários
dias.
Então,
não havendo mesmo alternativa, resolvemos mais que depressa fazer um ataque,
digo, uma visita a ela no hospital. E foi o que aconteceu.
Quando lá
chegamos, foi um Deus nos acuda. Éramos cinco ou a seis querendo entrar de uma
só vez. Um pequeno tumulto se formou na portaria, até que, no final, todos
acabariam entrando.
Já dentro
do quarto, era grande a movimentação, com gente sentada até debaixo da cama. O
lanche da tarde desapareceu com tal rapidez que não sobrou um único biscoito
para a paciente, e muito menos uma santa gota de suco. Até uma improvisada
saidinha pelos corredores com aquela cama de rodinha teria sido cogitada, e
mesmo com a cumplicidade e insistência de nossa convalescente amiga,
resolvemos, devido aos PONTOS, fazer o passeio apenas dentro do quarto mesmo.
(Depois dizem que não tínhamos juízo!)
Falando
em juízo, por muito pouco não teríamos conseguido passar com um violão pela
janela, entrando apenas o pandeiro e o afoxé. Mas, verdade seja dita,
melhoramos substancialmente o quadro clinico da paciente, principalmente em
função de tantas e boas risadas.
A visita,
digo, a festa, foi geral. Só que, já quase terminado o horário, ninguém havia
se manifestado ou mesmo encontrado coragem de fazer o pedido. Pede você... Pede
você... E ninguém pedia nada.
Já
conformados com aquela que teria sido uma investida malsucedida, cabisbaixos e
numa tristeza sem fim, começamos a nos retirar. Quando já íamos saindo, eis que
ela nos chama novamente pra dentro do quarto, e com muita sensibilidade, mesmo
sabendo de nossas segundas intenções, foi logo dizendo: “NUM GUENTO ÔCEIS
NÃO!”, a bateria ta lá no Operário! É só pedir a chave e apanhá-la!
E foi
aquela vibração no até então silencioso e ordeiro ambiente
hospitalar. Quanta alegria! Seria a primeira vez que iríamos tocar em uma
bateria profissional. Despedimo-nos rapidamente, saindo em disparada e
escorregando pelas antigas passarelas do hospital.
Depois
daquele dia, nossas visitas se tornariam uma constante, vindo até a causar
novos transtornos na entrada. Uma situação que somente teria sido resolvida
após ordens expressas da madre superiora, permitindo somente a entrada de um
visitante de cada vez. Uma sábia solução, se não fosse pelo simples detalhe de
que aquele que entrava não mais saía.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto : acervo do autor
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