Não sei se devido ao peso dos sessenta anos que vão chegando, o fato é que, a cada dia, tenho me sentido mais CHATO.
Chato,
não sei se vocês pararam pra pensar, é justamente aquela pessoa que, num texto
ou numa conversa, tenta explicar o conceito científico de “chato”.
Ser chato
é isso. Essa preocupação absurda em querer impor suas ideias, seus conceitos e,
principalmente, sua absoluta certeza de que ele está CERTO.
Assim,
tenho adquirido, com o passar do tempo, essa fantástica habilidade de ser
intolerante e, ao fazer isso, acabo me tornando, eu mesmo, mais um chato.
Como
assim? Eu não tenho suportado algumas coisas que a maioria das pessoas entende
que poderiam ser suportadas em nome da convivência. Por exemplo: pessoas que
falam muito alto, pessoas que mentem compulsivamente, pessoas que fumam do seu
lado e, para completar o pacote, jogam o cigarro aceso pela janela.
Outras
coisas que não suporto: pessoas que trazem seu cachorro para fazer cocô na sua
porta, ou que param seu carro na sua garagem, ou que, de maneira sonsa e
cínica, furam a fila do supermercado ou do cinema.
Lógico
que, numa sociedade séria, na qual as regras são respeitadas, seriam essas
pessoas os chatos e eu o “normal”, seja lá o que for isso. Mas, dentro de uma
nação esculhambada, onde burlar, mentir e se dar bem é a regra, estou me
tornando o grande chato.
Além
disso, se você tiver dúvidas se você é ou não chato, pergunte à sua esposa. Ela
certamente lhe confirmará isso, e é capaz de fazer uma verdadeira tese de
doutorado indicando suas chatices mais bizarras.
O curioso
é que isso ocorre também com os maridos que, perguntados sobre a pessoa mais
chata do mundo, indicarão, com a voz baixa, ou alta, a própria esposa. Mas isso
não quer dizer que apenas o cônjuge é chato. A família é uma fonte inesgotável
de chatice.
Querem um
exemplo? Seu cunhado chega, logicamente na hora do almoço, e pede os seus
óculos RayBan emprestados. Diz que é pra parecer bem sucedido numa entrevista
de emprego. Ora, isso é uma coisa ridícula. Primeiramente, porque quem já é bem-sucedido
não está desempregado. Em segundo lugar, pedir óculos emprestados é uma proposta tremendamente chata. E, finalmente, uma certeza: ele não vai devolver os
óculos!
Assim,
vou terminando a crônica, para não ser chamado de chato. Espero que, ao divulgá-la
no Face, não venha nenhum chato tirar alguma conotação política do texto.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Still do filme Gran Torino
Foto : Still do filme Gran Torino
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