Tenho
corrido de política como o diabo corre da cruz. Mas, aqui e ali, alguns fatos
do dia a dia acabam nos causando revolta e não resisti: publiquei uma mensagem
contra a reforma da previdência no Face.
Achando
ter cumprido um dever cívico (embora seja apenas mais uma bobagem publicada nas
redes sociais), volto para curtir o que eu realmente gosto, que são as músicas
dos anos 70, filosofia, budismo, teatro, e piadas. Nisso recebo o inbox de um
amigo com o seguinte comentário: “Se você é eleitor da Dilma, também é eleitor
do Temer. Logo, não pode reclamar, pois é o SEU candidato que está detonando a
classe trabalhadora”.
Fico
pensando nessa lógica e chego à conclusão que não há resposta possível para
esse questionamento. Se eu disser que não era isso que estava no programa de
governo da minha candidata, vai dizer que eu sou ingênuo. Se eu disser que era
isso que o candidato dele faria, vai me responder que não tem candidato e que,
aliás, nem vota.
Surge,
assim, uma coisa que detesto: a figura do APOLÍTICO. Não que a pessoa não possa
detestar política. De repente, ela tem mais o que fazer e está mais preocupada
com os seus assuntos pessoais do que com o destino dos outros. Na Grécia
Antiga, esse tipo de pessoa, mais centrada em seus interesses particulares, era
chamada de IDIOTA (do grego idiotes,
que significa “indivíduo privado”).
Mas o que
me irrita é o seguinte: se esse idiota (ainda no sentido grego) é apolítico,
por que é que ele acha que tem que dar pitaco na postagem daqueles que querem
participar de grupos que integram a pólis
(cidade) e, por isso mesmo, chamado de políticos? Quando os políticos
queriam, na Grécia, saber da opinião desses plebeus, chamavam-nos para uma
opinião coletiva, o que se chamava (chama até hoje) PLEBISCITO.
A posição
do apolítico é, a princípio, muito confortável, porque, seja qual for o
acontecimento político do momento, ele critica. No entanto, como ele não opina,
fica obrigado a sofrer TODAS as consequências dos seus não-atos. Afinal, quem
não toma partido, toma... sei lá onde.
No tempo
do golpe militar, me diziam “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Hoje sei
que, na verdade, manda quem permitimos que mande e obedece quem tem medo. Carne
de papelão, sangue de barata.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/10/filmes-em-busca-do-ouro/
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