sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

REDAÇÃO NOTA 1.000 - DICAS


Mesmo sem querer ser nostálgico ou saudosista, vem porque quer a palavra “ufanismo” em meu texto e acho que tem a ver com uma publicação que fiz recentemente em meu Facebook. Explico: sabendo que, dos 6.193.565 estudantes que fizeram a redação do Enem-2014, apenas 250, ou seja, 0,004% do total, tiraram a nota máxima, fiquei meio besta. Mas, ao saber que, dos 250 que fizeram os 1.000 pontos, um é de Juiz de Fora, senti um certo patriotismo mineiro e divulguei a reportagem com o nome do brilhante garoto.

No entanto, bastou ler a reportagem completa que um certo desconforto tomou conta da minha alma. Se 0,004% dos candidatos fizeram 1.000 pontos, 8,54% deles tiraram ZERO! Isso me assustou muito porque confirma uma implicância que nós, coroas, temos em relação aos mais jovens: eles não sabem mais escrever, quando muito juntam letras e tentam transformá-las em sons.

Quem nunca recebeu uma mensagem no celular dizendo “aki naum tá legal,  bjos”? Aí vão dizer: é implicância, pois é uma forma de simplificar. Mas, se é pra reduzir, por que “naum” com 4 letras ao invés de “nao”, assim mesmo sem acento e com 3?

Fato é que a educação aqui neste nosso Brasil tem andado de mal a pior. E o pior, no caso, é que os investimentos estão sendo feitos, mas, por muita politicagem e modismo, a coisa não funciona. Querem um exemplo? Perguntem a uma professora qual é o sistema utilizado pela escola? Provavelmente, ela vai responder: olha, neste ano passado, nós voltamos a Piaget, mas, no ano anterior, era Vygotsky. No segundo semestre, pois, no primeiro, era Montessori. E por aí vai.

Outro complicador do sistema educacional tem sido as famílias, mais especificamente as mães. Quando estas não estão trabalhando fora de casa então, a coisa é feia, pois as escolas são obrigadas a ter que lidar com neuroses, frustrações e muito narcisismo. Vai aí outro exemplo: se uma professora chegar, como ocorria no meu tempo de estudante, e disser que vai aplicar uma prova surpresa, no mesmo dia umas trocentas mães vão estar esperando a coitada na saída. Lembram que, antigamente, os alunos esperavam o outro na saída pra brigar? Pois é: a essa altura, todos os anjinhos, via celular, já acionaram as mamães que estarão esperando a mestra armadas de paus e pedras. Em algumas escolas, literalmente.

Por isso, a minha grande referência, para os meus três filhos, não é de nenhum educador russo nem espanhol, mas de uma sanjoanense, a minha primeira professora Renée Cruz. E qual era o grande segredo da Dona Renée? NÃO CONVERSAR NA AULA! Ela, desde muito jovem, partiu dessa premissa, que pode parecer óbvia, mas que hoje em dia parece uma heresia, pois chamar a atenção de um aluno, ou aluna, que está conversando, é considerado repressão. Alguns ficam até publicando no Facebook durante a aula.

Portanto minha gente, além de estimular a leitura (que é fundamental), se quisermos ensinar às nossas crianças a voltar a escrever, repitam as palavras de minha sábia mestra quando começava aquele tititi na sala de aula: CALA A BOCA !!!

Crônica: Jorge Marin

2 comentários:

  1. Grande verdade, Jorge. Concordo com você.
    Mika

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    Respostas
    1. Obrigado, Mika. Essa lembrança do meu tempo de grupo escolar, que muitos viram como uma homenagem (merecida) à Dona Renée, é uma constatação da figura da professora como figura de autoridade. Acho que, sem esse tipo meio torto de metonímia, não pode haver educação. E percebo que as mães, a despeito dessa falácia de parceria família/escola, não estão absolutamente preparadas para abrir mão de sua autoridade, querendo exercê-la até além do filho.

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