Mesmo sem
querer ser nostálgico ou saudosista, vem porque quer a palavra “ufanismo” em
meu texto e acho que tem a ver com uma publicação que fiz recentemente em meu
Facebook. Explico: sabendo que, dos 6.193.565 estudantes que fizeram a redação
do Enem-2014, apenas 250, ou seja, 0,004% do total, tiraram a nota máxima,
fiquei meio besta. Mas, ao saber que, dos 250 que fizeram os 1.000 pontos, um é
de Juiz de Fora, senti um certo patriotismo mineiro e divulguei a reportagem com
o nome do brilhante garoto.
No entanto,
bastou ler a reportagem completa que um certo desconforto tomou conta da minha
alma. Se 0,004% dos candidatos fizeram 1.000 pontos, 8,54% deles tiraram ZERO! Isso
me assustou muito porque confirma uma implicância que nós, coroas, temos em
relação aos mais jovens: eles não sabem mais escrever, quando muito juntam
letras e tentam transformá-las em sons.
Quem
nunca recebeu uma mensagem no celular dizendo “aki naum tá legal, bjos”? Aí vão dizer: é implicância, pois é uma
forma de simplificar. Mas, se é pra reduzir, por que “naum” com 4 letras ao
invés de “nao”, assim mesmo sem acento e com 3?
Fato é
que a educação aqui neste nosso Brasil tem andado de mal a pior. E o pior, no
caso, é que os investimentos estão sendo feitos, mas, por muita politicagem e
modismo, a coisa não funciona. Querem um exemplo? Perguntem a uma professora
qual é o sistema utilizado pela escola? Provavelmente, ela vai responder: olha,
neste ano passado, nós voltamos a Piaget, mas, no ano anterior, era Vygotsky.
No segundo semestre, pois, no primeiro, era Montessori. E por aí vai.
Outro
complicador do sistema educacional tem sido as famílias, mais especificamente
as mães. Quando estas não estão trabalhando fora de casa então, a coisa é feia,
pois as escolas são obrigadas a ter que lidar com neuroses, frustrações e muito
narcisismo. Vai aí outro exemplo: se uma professora chegar, como ocorria no meu
tempo de estudante, e disser que vai aplicar uma prova surpresa, no mesmo dia umas
trocentas mães vão estar esperando a coitada na saída. Lembram que,
antigamente, os alunos esperavam o outro na saída pra brigar? Pois é: a essa
altura, todos os anjinhos, via celular, já acionaram as mamães que estarão
esperando a mestra armadas de paus e pedras. Em algumas escolas, literalmente.
Por isso,
a minha grande referência, para os meus três filhos, não é de nenhum educador
russo nem espanhol, mas de uma sanjoanense, a minha primeira professora Renée
Cruz. E qual era o grande segredo da Dona Renée? NÃO CONVERSAR NA AULA! Ela,
desde muito jovem, partiu dessa premissa, que pode parecer óbvia, mas que hoje
em dia parece uma heresia, pois chamar a atenção de um aluno, ou aluna, que
está conversando, é considerado repressão. Alguns ficam até publicando no
Facebook durante a aula.
Portanto
minha gente, além de estimular a leitura (que é fundamental), se quisermos
ensinar às nossas crianças a voltar a escrever, repitam as palavras de minha
sábia mestra quando começava aquele tititi na sala de aula: CALA A BOCA !!!
Crônica:
Jorge Marin
Grande verdade, Jorge. Concordo com você.
ResponderExcluirMika
Obrigado, Mika. Essa lembrança do meu tempo de grupo escolar, que muitos viram como uma homenagem (merecida) à Dona Renée, é uma constatação da figura da professora como figura de autoridade. Acho que, sem esse tipo meio torto de metonímia, não pode haver educação. E percebo que as mães, a despeito dessa falácia de parceria família/escola, não estão absolutamente preparadas para abrir mão de sua autoridade, querendo exercê-la até além do filho.
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