sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

2015 É SÓ ALEGRIA!


Passadas as festas, a alegria e a euforia, já em 2015 temos uma conta vencendo e, ainda pisando em confetes e copos descartáveis, contemplamos um céu de anil, como se dizia, mas, afinal, perguntam os meus filhos, o que é essa porcaria de anil?

Normalmente, tenho a mania de ficar analisando as coisas e as pessoas, comparando, avaliando. Ou seja, sou um chato! Outro chato, este do século XVII, analisando a busca incessante pela alegria, afirmava: “não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa”.

Aí, a gente percebe que tudo aquilo que fizemos na virada do ano para atrair prosperidade foi uma tremenda besteira, ou, colocado de outra forma, não comemos lentilha porque dinheiro é uma coisa muito boa, mas, na verdade, grande parte do valor do dinheiro é determinado porque comemos lentilha no réveillon. Pelo menos, assim pensava Espinoza, um dos pais da Ética.

Aí, um dos convidados da festa pode deixar o seu tablet (sim, porque, nestes tempos, para cada cem pessoas dançando, há pelo menos umas setenta conectadas em seus gadgets eletrônicos), e então questionar o filósofo:
- Você não está entendendo, véi, dinheiro é bom porque é naturalmente bom, e não porque eu acho que ele é bom.

Pois é, eu também pensava assim, que as coisas eram “naturalmente” boas. Por exemplo, desejo determinada mulher porque ela é muito gata, supergata. Mas, segundo meu guru holandês, ela só é supergata porque eu a desejo.

Essa Ética, matéria aliás da qual estamos carentes até a medula, é uma ética da ALEGRIA, porque é a busca da alegria que nos impulsiona, esse é o único sentimento que Espinoza reconhece. Ah, mas e a tristeza? É a falta de alegria! E o amor? É a alegria direcionada a uma causa exterior. E o ódio, tão presente em nosso mundo? É a falta de alegria também direcionada a uma causa exterior.

O fato é que, mesmo no século XXI, as pessoas são treinadas para acreditar que a razão está no controle; afinal, temos que controlar nossas paixões. Besteira! Aquela bobagem que você falou na noite passada, e que atribuiu aos efeitos da tacinha de champanha que tomou, na verdade é a sua potência de agir atuando em nome da alegria.

Assim, se tudo se resume à alegria, a questão de viver bem resume-se à retirada dos acessórios que normalmente associamos ao afeto, tipo “falta de”, “e se não” ou “e depois”, e vivenciar, saborear, apreciar e cultivar... a ALEGRIA! Palavra do Pitomba BLOG, ALEGRIA de ser sanjoanense.

Ah, e, para os mais jovens, anil é um corante azul.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Alissa, disponível em http://www.deviantart.com/art/Eternal-Blue-Sky-242891465

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