sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

FÓRMULA (INFALÍVEL) PARA UM CASAMENTO INFELIZ


O enredo é nosso velho conhecido: estudante passando o Carnaval em São João Nepomuceno vê, entre as passistas de uma escola de samba, uma menina maravilhosa, que, definitivamente, é ELA! É a mulher com a qual quero viver a vida inteira. Namoram, casam-se, e, algum tempo mais tarde, o cara diz que não aguenta mais conviver com a esposa que, na sexta-feira, dia de jogo do seu time (que está na segundona), quer porque quer ir no pagode.

Não precisa nem dizer que há duas alternativas: na primeira, ele fica assistindo ao jogo e a mulher passa a noite inteira resmungando e enchendo o saco; na segunda, ela bate o pé e ele resolve ir, mas fica o tempo chamando pra ir embora, reclamando que o short dela está muito curto, ou seja, esses terrorismos matrimoniais que todos conhecem muito bem.

Eu falei sobre um encontro no Carnaval apenas porque estamos no clima da folia, mas poderia ter ocorrido na rua, no supermercado, num enterro, ou outro lugar qualquer, mas o que acho mais curioso é que há uma tendência, que podemos considerar meio louca, de conhecer a pessoa fazendo uma determinada coisa e querer passar o resto da vida com ele (ou ela) fazendo uma coisa oposta. A moça se apaixona por um pastor, mas, casada, vive reclamando com as amigas que ele não a leva nunca no funk!

Ora, minha gente, o problema aí começa no apaixonamento: na maioria das vezes, apaixonamo-nos, não pela pessoa como ela é, mas sim por uma imagem idealizada daquela pessoa. O cara bebe pra caramba, mas a mulher casa achando que, só porque casou, o sujeito vai virar um abstêmio. A mulher é uma consumidora compulsiva, e o futuro marido acredita, piamente, que ela vai se tornar um modelo de controle financeiro. Isso sem falar nos violentos que, espera-se, vão se converter em amáveis e dóceis companheiros.

Tenho uma ex-colega que sabia muito bem o que queria do casamento e, por isso, conheceu o seu amado marido num clube de swing. O pior é que não deu certo: continuam casados, mas, segundo ela, ele tem uma “peladinha” quatro noites por semana, o que a incomoda muito, mas, vamos combinar, não me surpreende nem um pouco.

Resumindo, o que parece ser uma forma infalível de fracassar num relacionamento, seja ele qual for, é alimentar expectativas em relação à outra pessoa. Toda expectativa, por mais econômica que seja, tem, em si, três defeitos básicos: é ignorante, é impotente e é absolutamente casta.

Ignorante porque a pessoa desejante não tem a menor ideia que o outro realmente é; impotente porque, mesmo descobrindo o que o outro é, não há nada a se fazer para mudá-lo (ou mudá-la), e, finalmente, o que é muito ruim para qualquer relacionamento, totalmente casta, pois, por ser expectativa, é desejo, e, como se sabe, só desejamos aquilo que nos falta, ou seja, ficamos só na vontade.

Então, aproveitando o clima carnavalesco que, juridicamente, nunca esteve tão quente em São João, vamos descendo a passarela do samba com nosso filósofo maior Zeca Pagodinho: “deixa a vida me levar...”

Crônica: Jorge Marin
Foto      : Langley Photography, disponível em http://opoderdoblush.blogspot.com.br/2012_03_01_archive.html

2 comentários:

  1. Seus textos são muito bons. Gosto de suas idéias.
    Mika

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    1. Obrigado, Mika! Sinto-me honrado, mas não tenha expectativas com os futuros textos, senão estraga. Abração.

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