sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O PROGRESSO DE SÃO JOÃO


Quando eu era criança, em São João Nepomuceno, ouvia o Governador Israel Pinheiro falar que o PROGRESSO estava chegando à cidade.  Quase cinquenta anos depois, debatendo questões ambientais com os inúmeros leitores do BLOG e dos grupos de discussão do Facebook, a questão, nem sempre muito clara, do PROGRESSO, continua inatingível e, vamos combinar, difícil de definir.

O que é, afinal, o PROGRESSO?

Voltando ao meus dias de menino, lembro-me claramente que o meu herói favorito era o Bufallo Bill, vaqueiro americano que, num único ano, matou cerca de 5.000 búfalos, praticamente extinguindo a espécie.  Foi também batedor do Exército Americano que foi responsável por um genocídio das principais tribos indígenas da América. 

Naturalmente, se me perguntassem, naquela época o que traria o progresso, eu diria, sem pestanejar: PROGRESSO É MATAR BÚFALO E ÍNDIO!

Um poeta polonês, chamado Stanislaw Lec, perguntava: É PROGRESSO CANIBAL USAR GARFO?  Esse aforismo é bem ilustrativo da noção de progresso que as pessoas são capazes de adotar.  Na matéria de segunda-feira do BLOG, a respeito de árvores e sombras, afirmei que eu pensava que seria tempo de São João adotar a postura de cidade do interior e assumir a sua grandeza.  Muitas pessoas torceram o nariz, afirmando como eu poderia ser a favor do progresso (aí entendido como sinônimo de grandeza) e, ao mesmo tempo, ser a favor da causa ambiental.

Volto a afirmar: é tempo de São João assumir a sua grandeza!  Mas, quando falo de grandeza, quero dizer qualidade de vida, hospitalidade, beleza e cultura.  Muitos podem argumentar: mas, uma cidadezinha de pouco mais de 25.000 habitantes pode ser considerada progressista?  Respondo: há PAÍSES inteiros, como Mônaco e San Marino, com um pouquinho mais de habitantes do que nós; isso sem falar no Vaticano!

Nas diversas polêmicas sobre questões ambientais presentes nos grupos de discussão, encontramos pessoas que são a favor de asfaltar toda a cidade para não agarrar o salto alto do sapato nas pedras.  Outras defendem a retirada dos calçamentos centenários para não prejudicar o amortecedor do carro.  Frívolas?  Não, não acho!  Cada um tem, em si, de acordo com seus valores pessoais, a noção de progresso, naquele momento.

A tendência dos mais velhos é se preocupar com os descendentes, ao passo que os jovens, geralmente, querem viver o momento presente.  O Poder Público, por sua vez, DEPOIS de ouvir as pessoas, tem que agir visando o BEM COMUM e buscando garantir um FUTURO MELHOR para os cidadãos. 

Para mim, progresso é PAZ, e esta, como ensinava o Buda “vem de dentro”.  Não adianta procurar à sua volta!

Crônica: Jorge Marin

2 comentários:

  1. Amigo Jorge,

    Ruy Castro escreveu na Folha SP de hoje, 04/10 que, “segundo projeções oficiais, 20% da população terá mais de 60 anos em 2030. Em números absolutos, esperam-se perto de 50 milhões de idosos em 2030”.

    E prossegue a coluna “não quer dizer que a maioria desses macróbios seguirá o padrão dos velhos de antigamente, que, mal passados dos 60, equipados com boina, cachecol, suéter, cobertor nas pernas, e mastigando uma dentadura imaginária, eram levados para tomar sol no parquinho.”

    “Quero crer que os velhos de 2030 serão (...) bem diferente de 1968 --apogeu de algo que me parecia fabricado, chamado "Poder Jovem"--, em que ser velho era quase uma ofensa.”

    Então, pessoalmente, acho que “progresso” em cidades pequenas seria mantê-las calmas, sem grandes revoluções urbanas, e cada vez pensando no conforto e segurança dessa geração de velhos que, no futuro, nelas habitarão. Mais parques e menos carros. Mais calçadas, e menos ruas. Mais árvores, e menos prédios, etc.

    Meu abraço,

    Brandão
    www.cesarbrandao.com

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    1. Como diz o Serjão, é ZATAMENTE esse o nosso pensamento. É lógico que temos muitas coisas que gostaríamos de fazer e muitos desejos a realizar, mas sabemos que qualquer ato nosso gera consequências futuras. Então, não se trata de moralismo, mas de sobrevivência da nossa terrinha, a quem devemos tanto e a qual queremos manter para que a vida continue se manifestando.

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