Quando
eu era criança, em São João Nepomuceno, ouvia o Governador Israel Pinheiro falar
que o PROGRESSO estava chegando à cidade.
Quase cinquenta anos depois, debatendo questões ambientais com os
inúmeros leitores do BLOG e dos grupos de discussão do Facebook, a questão, nem
sempre muito clara, do PROGRESSO, continua inatingível e, vamos combinar,
difícil de definir.
O que
é, afinal, o PROGRESSO?
Voltando
ao meus dias de menino, lembro-me claramente que o meu herói favorito era o
Bufallo Bill, vaqueiro americano que, num único ano, matou cerca de 5.000
búfalos, praticamente extinguindo a espécie.
Foi também batedor do Exército Americano que foi responsável por um
genocídio das principais tribos indígenas da América.
Naturalmente,
se me perguntassem, naquela época o que traria o progresso, eu diria, sem
pestanejar: PROGRESSO É MATAR BÚFALO E ÍNDIO!
Um poeta
polonês, chamado Stanislaw Lec, perguntava: É PROGRESSO CANIBAL USAR
GARFO? Esse aforismo é bem ilustrativo
da noção de progresso que as pessoas são capazes de adotar. Na matéria de segunda-feira do BLOG, a
respeito de árvores e sombras, afirmei que eu pensava que seria tempo de São
João adotar a postura de cidade do interior e assumir a sua grandeza. Muitas pessoas torceram o nariz, afirmando
como eu poderia ser a favor do progresso (aí entendido como sinônimo de
grandeza) e, ao mesmo tempo, ser a favor da causa ambiental.
Volto a
afirmar: é tempo de São João assumir a sua grandeza! Mas, quando falo de grandeza, quero dizer
qualidade de vida, hospitalidade, beleza e cultura. Muitos podem argumentar: mas, uma cidadezinha
de pouco mais de 25.000 habitantes pode ser considerada progressista? Respondo: há PAÍSES inteiros, como Mônaco e
San Marino, com um pouquinho mais de habitantes do que nós; isso sem falar no Vaticano!
Nas
diversas polêmicas sobre questões ambientais presentes nos grupos de discussão,
encontramos pessoas que são a favor de asfaltar toda a cidade para não agarrar
o salto alto do sapato nas pedras.
Outras defendem a retirada dos calçamentos centenários para não
prejudicar o amortecedor do carro. Frívolas? Não, não acho! Cada um tem, em si, de acordo com seus
valores pessoais, a noção de progresso, naquele momento.
A
tendência dos mais velhos é se preocupar com os descendentes, ao passo que os
jovens, geralmente, querem viver o momento presente. O Poder Público, por sua vez, DEPOIS de ouvir
as pessoas, tem que agir visando o BEM COMUM e buscando garantir um FUTURO MELHOR
para os cidadãos.
Para
mim, progresso é PAZ, e esta, como ensinava o Buda “vem de dentro”. Não adianta procurar à sua volta!
Crônica:
Jorge Marin
Foto: disponível
em http://www.iloveaba.com/2011_12_01_archive.html
Amigo Jorge,
ResponderExcluirRuy Castro escreveu na Folha SP de hoje, 04/10 que, “segundo projeções oficiais, 20% da população terá mais de 60 anos em 2030. Em números absolutos, esperam-se perto de 50 milhões de idosos em 2030”.
E prossegue a coluna “não quer dizer que a maioria desses macróbios seguirá o padrão dos velhos de antigamente, que, mal passados dos 60, equipados com boina, cachecol, suéter, cobertor nas pernas, e mastigando uma dentadura imaginária, eram levados para tomar sol no parquinho.”
“Quero crer que os velhos de 2030 serão (...) bem diferente de 1968 --apogeu de algo que me parecia fabricado, chamado "Poder Jovem"--, em que ser velho era quase uma ofensa.”
Então, pessoalmente, acho que “progresso” em cidades pequenas seria mantê-las calmas, sem grandes revoluções urbanas, e cada vez pensando no conforto e segurança dessa geração de velhos que, no futuro, nelas habitarão. Mais parques e menos carros. Mais calçadas, e menos ruas. Mais árvores, e menos prédios, etc.
Meu abraço,
Brandão
www.cesarbrandao.com
Como diz o Serjão, é ZATAMENTE esse o nosso pensamento. É lógico que temos muitas coisas que gostaríamos de fazer e muitos desejos a realizar, mas sabemos que qualquer ato nosso gera consequências futuras. Então, não se trata de moralismo, mas de sobrevivência da nossa terrinha, a quem devemos tanto e a qual queremos manter para que a vida continue se manifestando.
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