sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A MORTE DA FAMÍLIA. QUEM TEM MEDO DA PLC122?


Vira e mexe, como diziam os antigos, deparo na Internet com alguém na Internet falando mal da PL122, ou PLC122, sei lá.  Na verdade, eu nem sabia o que era esse TREM!

Aí, vou nos grupos de discussão e dizem: é um projeto da Senadora Martha Suplicy que, entre outras coisas, pretende proibir que se use as palavras “pai” e “mãe”, descriminalizar a pedofilia e proibir que as escolas comemorem datas relativas à família como Dia das Mães e dos Pais para não constranger os gays.

Bom, não preciso nem relatar aqui o tanto de comentários catastróficos, apocalípticos e reacionários que esse tipo de publicação gera.  Voltam, triunfantes, os estandartes da TFP, os defensores da moral e dos bons costumes, as viúvas da Revolução Redentora e todo o tipo de manifestação farisaica eletrônica.

Não vou me deter aqui na questão do projeto de lei em si porque, embora tenha minha opinião formada sobre o assunto, não quero expressá-la agora.

O que eu quero mesmo falar é o seguinte: É TUDO MENTIRA! A tal PL ou PLC NÃO trata de nenhuma daquelas questões!  NÃO proíbe pai e mãe, NÃO descriminaliza pedofilia, e a ÚNICA coisa que proíbe são as manifestações públicas contra a homoafetividade, EXCETO dentro das igrejas. Ah, e a Martha nem é senadora, pois está licenciada para assumir o Ministério da Cultura.

Assim, o que me preocupa é uma questão ÉTICA.  Falamos mal dos políticos pois eles são canalhas quando querem atingir seus objetivos.  Mas por que é que nós, quando não compactuamos com um determinado assunto, como a causa gay por exemplo, temos que MENTIR, INVENTAR, FOFOCAR?

É bem conhecida a história da filha do ex-presidente Lula, usada pelo seu oponente na campanha presidencial de 1989, que informou que a menina, coitada, havia sido abandonada pelo petista e até sido aconselhada a (Deus nos livre!) fazer um aborto.  A única verdade nisso tudo é que o Lula perdeu a eleição e o vencedor, esse modelo de moralidade pública chamado Fernando Collor deu no que deu...

Por isso, quando vejo no Face pessoas publicando esse monte de barbaridades apenas para fazer valer o seu ponto de vista pessoal, me lembro dos meus tempos de Igreja Matriz e do evangelho de Mateus: "por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade”.

E, para fechar a homilia, cito Cazuza: “o que mais ODEIO é: gente complicada e preconceituosa, hipocrisia, e ser acordado. Nenhuma outra coisa consegue ser PIOR do que isso”.  Palavra de um senhor compositor.

Crônica: Jorge Marin

2 comentários:

  1. Querido Jorge,

    Como é comum em seus textos, bastante clareza, informação, desmitificação... Criam fofocas com propósito de defenderem preconceito, fruto de cultura medíocre, passada de geração a geração... inclusive o preconceito de cor, que mesmo com toda a maquiagem de "não, isso não existe no Brasil"; é mentira.

    Ninguém votou no Collor, mas ele foi eleito... Ninguém é contra gay ou negro. Mas quantos comentários preconceituosos ouvimos, no dia a dia:

    ..."lá vem negão com loura linda, o que ela viu nele?..." . Às vezes não respondo; noutras digo, talvez aquilo que ela não viu em você: afeto, carinho, companheirismo, sensualidade, beleza, etc.

    E em meu caso pessoal, "você é artista plástico, todo artista é gay" (essa é a ideia geral que ouço a todo tempo). Respondo que, infelizmente, não fiz essa opção sexual.

    E tenho muitos amigos gays (femininos ou masculinos), casados de longa data, e que seu "homo-amor" ou "homo-afeto" é de fazer inveja em muitos casais héteros.

    E o preconceito contra Martha Suplicy, que é de família rica de SP, e largou o marido (também rico e filiado ao PT desde o início do partido), e tem um monte de filho maluco, como o Supla: "É uma depravada"... É o que ouço sempre.

    Aí, depois esses caras que votaram errado nos Collors, nos Sarneys, nos Calheiros, nos ACMs netos e filhos, etc... ficam com essa bobagem de protestos selvagens, num quebra-quebra de criminosos: "por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade" (também de preconceito amplo e irrestrito; acrescento).

    Muito bom o texto, Jorge. Parabéns!... E saiba que se eu, este senhor anão-de-jardim que fez 57 no dia 17 de outubro, resolvesse optar pela Homossexualidade, embora Serjão, Gilberto, e outros amigos seus de SJN ficassem com ciúmes, eu escolheria você para tentar conquistar... Você é amor de pessoa. " Amiguirmão" de mais de trinta "anos".

    E quem ficar com ciúme, por favor compre de Flávio Ferraz e Flávio Vitói, excelente livro de autoria deles e com o título de "Destrinchando o veado" .

    Meu afetuoso abraço, até aos preconceituosos (somos uma democracia, e todos possuímos o direito de pensarmos o que quisermos; desde que não joguemos pedra nos opositores).

    E este meu texto aqui não é pedra nem pau; mas tentativa de fazer comentário sobre o excelente texto de Jorge Marin. Embora seja comentário capenga, oscilante,
    pindaíba, etc. Repleto de telhado de vidro.

    César Brandão
    www.cesarbrandao.com

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    1. Amigo Brandão,

      Com a chegada da velhice, vou ficando intolerante e a minha grande "bronca" hoje não é contra os preconceituosos exercerem o seu direito de serem preconceituosos. Eu me irrito com o fato de, tanto os preconceituosos, como os não-preconceituosos, quererem criar leis nos obrigando a fazer as coisas da forma como ELES acham que é o certo. Tenho comigo esse incorrigível defeito de pensar.

      E, tenho que reconhecer, foi o convite mais romântico que já recebi para destrinchar o veado à moda Flávios. Só não sei qual lugar seria mais apropriado: a minha São João ou a sua Santos Dumont? (Dúvida cruel!)

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