Ao me
posicionar em frente à casa de nosso irmão Pitombense SÍLVIO HELENO, pra tentar
fazer uma foto da Pracinha do Chafariz, não tive como resistir e, virando-me pra
trás, procurei fotografar mais uma vez esse BARRACÃO. Foi quando me lembrei dessa
outra foto, da qual faço uso agora, para ilustrar esta postagem.
E como
tem história este lugar! Entre umas e
outras coisas, coincidentemente na época em que começou a febre Pitomba, chegou
a ser até um depósito de mangas. Hoje, fico pensando se já não teria sido um
recurso meio que desesperado do Sr Anjinho que, com sua conhecida sapiência, não
estaria profetizando um possível acampamento sonoro de nossa parte no lugar.
Fundamentado ou não, só sei que não adiantou!
Nesse
lugar, aconteceram nossos primeiros encontros, ou seja, os famosos ensaios descompromissados
pra não tocar em lugar nenhum. Nosso negócio era fazer BARUIADA pra nós mesmos,
e o que viesse depois seria mero detalhe. O local era bem deserto naquela época;
sendo assim, o máximo que nosso som alcançava era o Esplendor do Morro e
entorno.
Um
desses ensaios foi realizado por cima de mangas, sendo que algumas delas já
estariam exalando um forte odor, em decorrência de adiantado estado de
maturidade. E nós não estávamos nem aí pra
isso e muito menos com o telhado, que certa vez chegou a ir pelos ares em
decorrência de uma forte chuva que caiu sobre a cidade.
O pior
foi que esse quase tornado, além de acabar com a energia elétrica, deixou a PAREAJE,
que pra variar era toda ela emprestada, ao relento. Foi aquele corre-corre no
escuro, enquanto algumas “gotículas” ficavam passeando em cima da bateria do
Carlos Mauro e de um aparelho IPAME que a Nely havia levado pro Sílvio Heleno
consertar.
Num
outro, o Lelé Bellini, saiu pela cidade convocando todos que encontrava pra um
baile que estaria acontecendo no BARRACÃO. Por sinal, éramos a única banda do
planeta que ensaiava com JOGO DE LUZ (parece, que ainda somos). Quando demos
por nós, havia gente até dentro do lavador e, de tantos fãs, este ENSAILE foi
terminar lá pelas tantas da madrugada.
Foi ali
que sentei pela primeira vez numa batera, se é que poderíamos chamar aquilo de
bateria (bumbo, tarol e um prato com arrebites). DALMINHO foi outro herói, pois,
além de ter que cantar num microfone de gravador e num aparelho de voz com alto-falantes
passeando pelo chão, tinha como guitarra o seu velho violão com captador. Se
bem que, temos que reconhecer também que aquele velho chifre de boi, servindo
de instrumento para o nosso ritmista, era algo bastante incomum.
Bem,
irei parando por aqui, pois, além de ser algo repetitivo, não haveria postagem
que abrigasse tantos causos hilariantes que ali aconteceram.
O
Pitomba veio a ter mais tarde outra formação, sendo que, com inclusão de outros
componentes, tornou-se bem mais enriquecido, tanto no quesito musical, textos,
composições e visual. Mas confesso, com
uma certa emoção: A PRIMEIRA FORMAÇÃO E O COMEÇO DE TUDO, A GENTE NUNCA
ESQUECE.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto:
acervo do autor
Estes ensaios com o único objetivo de curtir o som que se está fazendo no momento são os melhores! A ausência de necessidade de atenção aos detalhes facilita a diversão.
ResponderExcluirA primeira formação de uma banda geralmente traz a essência, em estado bruto, das vocações musicais dos integrantes, por isso tem um lugar de destaque nas lembranças.
Exatamente, Sylvio, e o que é mais legal é que, naquela idade, tínhamos certeza de que a música era tudo na vida. Em tempo de golpe militar e igreja absoluta, o que sobrava era o rock'n roll, e olhe lá!
Excluir