quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O NOSSO CAVERN CLUB


Ao me posicionar em frente à casa de nosso irmão Pitombense SÍLVIO HELENO, pra tentar fazer uma foto da Pracinha do Chafariz, não tive como resistir e, virando-me pra trás, procurei fotografar mais uma vez esse BARRACÃO. Foi quando me lembrei dessa outra foto, da qual faço uso agora, para ilustrar esta postagem.

E como tem história este lugar!  Entre umas e outras coisas, coincidentemente na época em que começou a febre Pitomba, chegou a ser até um depósito de mangas. Hoje, fico pensando se já não teria sido um recurso meio que desesperado do Sr Anjinho que, com sua conhecida sapiência, não estaria profetizando um possível acampamento sonoro de nossa parte no lugar. Fundamentado ou não, só sei que não adiantou!

Nesse lugar, aconteceram nossos primeiros encontros, ou seja, os famosos ensaios descompromissados pra não tocar em lugar nenhum. Nosso negócio era fazer BARUIADA pra nós mesmos, e o que viesse depois seria mero detalhe. O local era bem deserto naquela época; sendo assim, o máximo que nosso som alcançava era o Esplendor do Morro e entorno.

Um desses ensaios foi realizado por cima de mangas, sendo que algumas delas já estariam exalando um forte odor, em decorrência de adiantado estado de maturidade.  E nós não estávamos nem aí pra isso e muito menos com o telhado, que certa vez chegou a ir pelos ares em decorrência de uma forte chuva que caiu sobre a cidade.

O pior foi que esse quase tornado, além de acabar com a energia elétrica, deixou a PAREAJE, que pra variar era toda ela emprestada, ao relento. Foi aquele corre-corre no escuro, enquanto algumas “gotículas” ficavam passeando em cima da bateria do Carlos Mauro e de um aparelho IPAME que a Nely havia levado pro Sílvio Heleno consertar.

Num outro, o Lelé Bellini, saiu pela cidade convocando todos que encontrava pra um baile que estaria acontecendo no BARRACÃO. Por sinal, éramos a única banda do planeta que ensaiava com JOGO DE LUZ (parece, que ainda somos). Quando demos por nós, havia gente até dentro do lavador e, de tantos fãs, este ENSAILE foi terminar lá pelas tantas da madrugada.

Foi ali que sentei pela primeira vez numa batera, se é que poderíamos chamar aquilo de bateria (bumbo, tarol e um prato com arrebites). DALMINHO foi outro herói, pois, além de ter que cantar num microfone de gravador e num aparelho de voz com alto-falantes passeando pelo chão, tinha como guitarra o seu velho violão com captador. Se bem que, temos que reconhecer também que aquele velho chifre de boi, servindo de instrumento para o nosso ritmista, era algo bastante incomum.

Bem, irei parando por aqui, pois, além de ser algo repetitivo, não haveria postagem que abrigasse tantos causos hilariantes que ali aconteceram.

O Pitomba veio a ter mais tarde outra formação, sendo que, com inclusão de outros componentes, tornou-se bem mais enriquecido, tanto no quesito musical, textos, composições e visual.  Mas confesso, com uma certa emoção: A PRIMEIRA FORMAÇÃO E O COMEÇO DE TUDO, A GENTE NUNCA ESQUECE.

Crônica: Serjão Missiaggia

Foto: acervo do autor   

2 comentários:

  1. Estes ensaios com o único objetivo de curtir o som que se está fazendo no momento são os melhores! A ausência de necessidade de atenção aos detalhes facilita a diversão.

    A primeira formação de uma banda geralmente traz a essência, em estado bruto, das vocações musicais dos integrantes, por isso tem um lugar de destaque nas lembranças.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Exatamente, Sylvio, e o que é mais legal é que, naquela idade, tínhamos certeza de que a música era tudo na vida. Em tempo de golpe militar e igreja absoluta, o que sobrava era o rock'n roll, e olhe lá!

      Excluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL