quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

RELEITURAS: PRIMEIRO BAILE INTERMUNICIPAL

Foto de Argirita por Olinto Cristo

PARTE I - TOCANDO INCÓGNITOS

23.09.1972, Sábado – BR 126, vento nos cabelos, cheiro de mato, estamos indo em direção ao tão esperado PRIMEIRO BAILE INTERMUNICIPAL, na gloriosa cidade de Argirita. Êta nóis! Um único “pobrema”: nós não podemos contar pra ninguém que nós somos nós. Como assim? É que, na hora de assinar o contrato, o Márcio, o único que sabia fazer rubrica, e por isso assinava os contratos, disse que o nome do conjunto era Mercado Negro. Por que, meu Deus? Por que?...

E essa dúvida persistiu no imaginário pytombense durante décadas até que, em 2009, e aqui mesmo no blog, nosso destemido baixista revelou:

- “O negócio na fazenda Vitoria foi que alguém me proibiu de ir lá como Pytomba. Aí pensei em um nome subversivo, como era moda e, depois de grave meditação, cheguei a Mercado Negro. Acho que influenciado por Black Magic Woman do Santana... Só me lembro que, dias antes do evento em Argirita, fui parado na rua por um menino que correu atrás de mim e só faltou pedir autógrafo por causa do nome da banda. Mas, no coração era mesmo Pytomba. Só pra lembrar: muitas reuniões eram feitas na minha casa e eu era formalmente convocado para participar delas.”

18:57 – Lá vamos nós, na potente Kombi do Paulinho Caturra. Todo mundo tranquilo e relaxado. Afinal, estávamos preparados. Sabem quantos ensaios fizemos? Pois é, nenhum! A coisa estava sendo encarada na farra, mas tão na farra que o Paulinho Caturra, já quase chegando ao trevo, resolveu voltar para pegar seu trombone. Afinal, tocar numa fazenda seria moleza, imaginávamos, enquanto, alegremente, seguíamos viagem. Vou ter que espantar as galinhas da beirada do palco, dizia. E todo mundo ria.

19:25 – Chegando em Bicas. As duas garrafas de Menicucci, um “autêntico” vinho chileno de uma safra especial produzido em Cachoeiro do Itapemirim, acabaram de secar. Fazer a cabeça também era parte do nosso plano de produção e, como sempre, levamos muito a sério o nosso planejamento.

19:40 – Ao pegar a BR-267, paramos para abastecer e um fato curioso ocorreu: o funcionário do posto, ao abrir a porta da kombi, levou um baita susto pois, de dentro do carro, um de nós, com baqueta e tudo, arriei aos seus pés.
E notem que o conjunto nem havia chegado ainda ao destino!

20:15 – Já deixamos Guarará e Maripá de Minas bem para trás. A cabeça começa a girar. Brincadeira, já estava girando quando deixamos o trevo de São João. De repente, a kombi teve que reduzir a velocidade pois chegamos num engarrafamento. Começamos a observar essa intensa movimentação na estrada: inúmeros carros se cruzavam na pista, em busca de uma possível vaga, pois os dois lados da estrada estavam completamente ocupados. Homens passavam de um lado ao outro, impecavelmente a rigor. Mulheres, com seus vestidos longos e rosas na mão, ficavam a desfilar pela pista, acompanhadas de seus parceiros com ternos e gravatas.

20:30 – Preocupado com aquela fila de gente bacana, o Paulinho deu uma paradinha em frente a outra Kombi, e perguntou: e aí, meu amigo! A Fazenda Vitória fica muito longe daqui? É aqui mesmo: vocês são do conjunto? Desesperados, lemos o cartaz: 3º Baile da Rainha da Primavera de Argirita. Conjunto: Mercado Negro.
Quem são esses caras? - perguntou um colega já bem alcoolizado. Somo nós, respondeu o Márcio. E começamos a chorar.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

3 comentários:

  1. Pois é, faturamos 300 mil cruzeiros, mas tirando o do Paulinho, a prestação da bateria sobrou ... digamos...uns...mas valeu a pena como sempre!!!
    Márcio( O Empresário)

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  2. Vocês começaram a chorar...e eu começei a chorar também : de rir !...

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  3. Boas lembranças do Paulinho

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