quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

RELEITURAS: FESTIVAIS E FUTEBOL


Capítulo 3: Gigantes do esporte (final)


Quem assistiu, no domingo passado, à final do Campeonato Mundial de Futebol, entre Barcelona e Santos, pode pensar que nada é mais ridículo do que a apresentação do time brasileiro. Pois estão todos totalmente errados, amigos do esporte. JAMAIS HAVERÁ, no cenário esportivo nacional, algo tão ridículo quanto os jogos do glorioso time de futebol do Pytomba. 
As partidas, quase todas realizadas no Campo do Operário, eram verdadeiras performances, com pessoas que, não só não jogavam futebol, como nunca tiveram a mais remota ideia de entrar em campo. Podemos citar, como exemplo, o Bellini que, no palco, arrasava e esbanjava fôlego por várias horas, mas... Na hora de defender as cores do Pytomba Futebol Clube, fez um aquecimento durante exatos 85 minutos e, ao ser chamado pelo técnico para entrar em campo, recusou-se ferozmente, porque, segundo ele, como o gramado estava encharcado, poderia sujar seu uniforme branquinho. Em entrevista à Rádio Intupi, que transmitia o evento em FM, o vocalista declarou ao repórter de campo (Nenê):
- Ai, que nojinho! - frase hoje utilizada num comercial de TV.
Por falar em Rádio Intupi, esta representa um capítulo à parte na história do Pytomba: foi montado, pelo Sílvio Heleno, um transmissor de FM, que permitia a sintonia da trepidante narração de Jorge Marin:
- Meus amigos do esporte, boa tarde. Sábado é dia de esporte, o sábado é nosso, da sua Rádio Intupi. Falamos diretamente do Estádio Carlos Stiebler, o Gigante do Operário, para transmitir a partida de futebol entre Pytomba e Pingão, o Clássico Pypi, em disputa da Taça Júlio Renê.
A transmissão era também gravada num daqueles gravadores de uma tecla só e, à noite, reproduzida nas caixas de som da Lanchonete Joia, de propriedade do saudoso José Luiz de Carvalho que, juntamente com o Marquinho Dadalti, dirigia o esquadrão do Pingão. Quando queríamos um clássico aguerrido, chamávamos o Pingão, mas, quando queríamos só vencer, chamávamos os Vicentinos, que contavam com atletas de primeira linha como o Amaral do Correio e o Cumpadre Pituquinha, o Nem. 
A taça Júlio Nenê tem uma grande semelhança com a Jules Rimet, pois, a exemplo desta, também sumiu e ninguém mais achou até hoje. Foi patrocinada por nós mesmos e ficou escondida no estádio até que tivéssemos certeza que iríamos ganhar. Num jogo emocionante, em que, democraticamente, expulsamos o árbitro (Luiz Quirino) de campo, conseguimos derrotar o Pingão e saímos pela cidade, em carro (caminhão) aberto, numa bela passeata, acompanhada ao som de foguetes e dos olhares espantados do adversário, que tudo via sem nada entender o que estava acontecendo, pois eles nem sabiam da existência da Taça.
A seguir, alguns nomes que tiveram a honra de vestir nosso manto sagrado, a camisa negra do Pytomba: Rômulo, Ademir, Norberto, Cuoca, Nem, Sílvio Heleno, Jorge Marin, Serjão, Dalminho, Zé Neli, Márcio, Renatinho, Geraldo Cantõe, Zezé Constantino, Paulinho, Coxinha, Pipita, Zé Márcio, Pedrinho Ventania, Celso, Clarê, Dantinho, Biel, Quintino, Eduardo e Pedrinho Verardo. Alguns desses atletas chegaram a jogar em grandes clubes do Brasil. Tudo era muito bem organizado. Tínhamos nossas próprias camisas, envelopes timbrados, carimbos e até um símbolo, que era o urso Zé Colmeia.
Alguns jornais da época, como a Voz de São João, Novidade e o Ideal fizeram grandes referências sobre o trabalho do grupo, sendo que, o Ideal de novembro de 76, que tinha como diretor e redator Nilson Magno Baptista, fez sua edição toda voltada integralmente ao conjunto.
Neste ano de 1976, o grupo recebeu novos componentes: Zé Neli na bateria, Bellini no vocal, Paulinho Manzo na programação visual e Jorge Marin nas composições e apresentações de textos. Serjão foi para a guitarra base e percussão, e Sílvio Heleno passou para o teclado. Para a tristeza nossa e dos fãs, nesta época o Dalminho passou a residir em B.H. 
Foi nesta ocasião, que o grupo começou a compor suas próprias canções e algumas instrumentais. Canções como Gen Nini, Rosa de Jericó, Flores Mortas, Verde e Tempo, (letras de Jorge Marin e músicas de Renê), fizeram muito sucesso, sendo que a música Canto Livre foi uma composição conjunta do grupo, alguns dizem até psicogravada, e foi sem dúvida o trabalho mais marcante. 
Gravamos várias dessas músicas que estão pendentes de digitalização para divulgação. Uma bela apresentação, nessa nova fase, foi feita na boate Kako dos Democráticos, com projeção de slides (também sendo atualmente digitalizados) e reprodução das músicas.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

3 comentários:

  1. Grandes partidas e um preparo físico invejável...
    CORREÇÃO: O campo é o do Mangueira (antigo), hoje usado para a exposição agropecuária (um luxo!).
    A bola rolava e as vitórias eram constantes pois os adversários eram escolhidos a dedo...

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  2. Obs. - O campo era usado com autorização do BOLOTE, cujo documento só eu conseguia pois era sobrinho do homem e também o único que tinha coragem de ir lá pedir !!!

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  3. Muito bom Serjão.Há muito não entrava no blog,mas cada vez que entro faço uma uma verdadeira viagem ao túnel do tempo.O Sívio Heleno já encontrou os slides?Um abraço a todo e parabéns mais uma vez por nos proporcionar belas crônicas. Eduardo Ayupe Tamiozo

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