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Capítulo 2: O palco giratório, e pulatório
Vendo, nos dias atuais, nossos filhos e alguns, os netos, fazemos, às vezes, a pergunta inevitável: será que eles se divertem mais ou menos do que nós? Hoje, qualquer festinha infantil é feita em bufê, com painéis alugados e animadores contratados. Os adolescentes vão para danceterias nas tardes de domingo, sonham com Smirnoff Ice e, apontando para as menininhas, vão falando para os amigos: ali, véi, já fiquei, já fiquei, já fiquei...
Enquanto isso, no passado, na sala da casa do Márcio, alguém apaga a luz: vai ter início mais um baile do Pytomba. Diferente dos tempos atuais, o baile era feito em casa e as bebidas preparadas na cozinha, no começo, uma caipirinha bem elaborada, uma batidinha esperta, até que, quando o fogaréu era geral, atingíamos o fundo do poço, com a nossa versão genérica – e pobre – dos ices de hoje: quisuco com pinga!
Apagada a luz da sala, acendíamos a iluminação do baile: na verdade, um monte de pisca-piscas de Natal, emendados e colocados no pé de ameixa que, na escuridão do terreiro, eram um verdadeiro show de pirotecnia.
E ninguém pode dizer que não fizemos uma apresentação equilibrada! Em cima do tal tablado sequestrado, tínhamos que nos revezar para não ocorrer uma tragédia pois, como o tablado estava em cima de um piso, melhor dizendo, de uma terra irregular, a coisa acontecia do seguinte modo: se o guitarrista se movesse para uma das laterais do “palco”, ocorria uma sincronia imediata, e a bateria, imediatamente, subia lá trás. Por outro lado, se o tal guitarrista se movesse ou, pior, saía de cima do palco, a bateria arriava lá trás. Imaginem uma pessoa de fogo, acompanhando aquele sobe e desce interminável. O mais interessante é que mesmo alguns dos componentes do conjunto, preocupados, confidenciavam: acho que bebi demais, porque estou sentindo tudo rodar. A triste, ou engraçada, realidade é que o palco/tablado estava mesmo girando, e subindo e descendo.
Voltando aos dias atuais, precisamente no dia 30 de junho de 2009, no Camp Nou, estádio do Barcelona, na Espanha, um outro grupo musical voltou a fazer essa performance: o U2, comandado por Bono Vox, e utilizando um upgrade do tablado da Dona Mariana, deu início ao seu famoso show “U2 360º”. Só que, não tendo a nossa destreza em palco/tablado, tiveram que ensaiar muito e, de tanto cair da beira do palco, o guitarrista David Howell Evans recebeu o seu famoso apelido The Edge.
De volta ao passado, na cozinha da Tia Irineia, uma terrível constatação: a bacia que estávamos usando com água, para lavar os copos, durante a festa, estava também sendo compartilhada por um cachorro, bem embaixo da mesa. A preocupação não era o fato do cachorro ter bebido a água da bacia, o que apenas demonstrava nossas preocupações ecológicas, mas sim, se o cachorro bebera a água DEPOIS de termos lavado os copos, ou ANTES, o que acabaria por se constituir em um atentado, dos grandes, às boas regras de higiene, e também um grande enigma na história da banda.
Também fazem parte da história pytombense as inúmeras vezes em que pulávamos a janela do ginásio, para, religiosamente, ensaiar na sede do Operário. Como não tínhamos as chaves, a única maneira que encontrávamos para entrar no clube era arremessando o magrelo do Dalminho por um buraco. Mais precisamente, pela abertura de um vidro quebrado, que ficava na porta dos fundos. O mais legal era quando ele não conseguia abrir a porta, e ficava preso lá dentro. E íamos embora. Se fosse nos dias de hoje, diríamos rsrsrsrs...
Os ensaios, quando ocorriam, sempre viravam verdadeiros bailes. Era constante e fiel a presença do nosso fã clube, uma galera que nunca desgarrava do grupo.
(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
pois é de tão magro as vezes virava para-raio!
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