sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

RELEITURAS: PRIMEIRO BAILE INTERMUNICIPAL

Arte digital por Punxdude.

Parte II - PARA ARGIRITA, E ALÉM!

23.09.1972, sábado à noite – Um dia para ficar na História: enquanto, em São João Nepomuceno, nossos pais, calmamente, se refestelavam em suas poltronas para assistir Jerônimo, o herói do sertão – na TV Tupi, e Selva de Pedra, com Francisco Cuoco e Regina Duarte, na TV Globo, lá na noite de Argirita, outros heróis, os componentes do Grupo Pytomba, usando o suspeito nome de “Mercado Negro”, tomavam um susto: achando que iam tocar para um bando de caipiras numa roça, surpreenderam-se com a nata da sociedade argiritense, num concorrido baile em traje de passeio completo.

20:30 – Ao conferir o local, ficamos sabendo que aquele lugar chique era, na verdade, a Fazende Vitória, e que o conjunto que ia tocar para aquele bando de bacancas era... nós!
O silêncio foi geral nessa hora. Teve gente até querendo voltar de qualquer jeito.
Vendo que ninguém falava nada, tentei quebrar o gelo, com uma frase que, desde então, passou a fazer parte da Antologia do Rock:
- Gente, como é que toca valsa na bateria?
O pânico se espalhou, uns vomitavam, mas, fazer o quê? O contrato já havia sido fechado e todos teriam que se virar de qualquer jeito.

20:40 – Fomos estacionar a kombi e aí, outra surpresa: uma cobra jararaca, também impecavelmente pronta para o bote. Mas, tínhamos a força: nosso bravo motorista Paulinho esmagou a hedionda serpente com o seu Trombone Justiceiro.

21:30 – Montada a “pareiaje”, não é que o baile até que não foi totalmente catastrófico? O repertório, finalmente, começou a rolar: The End (sempre começávamos com O Fim, curioso não?), Oh My Love, My World, De Tanto Amor, Imagine (meu Deus, já 31 anos sem John Lennon!), Look Aroud And You’ll Find Me There.

22:05 – Cenas Antológicas do Rock: de uma hora pra outra, o aparelho da guitarra, num barulho ensurdecedor, começou a apitar sem parar, Aí... mexe pra cá, mexe pra lá, e o Sílvio Heleno, numa atitude pioneira, sentou um bicudaço naquela porcaria, jogando o impertinente gadget bem no meio do salão. O mais fantástico de tudo é que ... a coisa funcionou: expurgado o aparelho impertinente, tudo começou a fluir normalmente. E, pasmem: deu até para terminar o baile. Mas, cá pra nós, que sufoco!

(Esse gesto do Sílvio Heleno foi, mais tarde, imitado por outros guitarristas, como Greg Lake, do Emmerson, Lake and Palmer, Pete Townshend do The Who e Bento Hinoto dos Mamonas Assassinas, embora este último tenha quebrado acidentalmente, num show em que, também a exemplo do Pytomba, estavam tocando com o nome de “Utopia”).

SÉCULO XXI – LENDA URBANA - O sucesso daquele baile foi tamanho que, durante muitos anos, centenas de moças, para ser exato uma centena (na época era a totalidade da população feminina da cidade) fretavam ônibus para São João em busca dos gatos do conjunto Mercado Negro. Coitadas, até hoje permanecem frustradas, e, atualmente, distintas senhoras, ficam sentadas junto às janelas, suspirando pelos velhos tempos. E aquele menino, que seguiu o Márcio na praça, cresceu, foi jogar no Comercial Futebol Clube, onde foi artilheiro por três temporadas seguidas, adotando o nome que ele ouvira o Sílvio chamar nosso baixista: Belásquez! Depois fez teste no Atlético Mineiro. Mas não passou...

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL